E o voto das pessoas idosas, não conta?

Por José Anísio Pitico

02/10/2022 às 07h00 - Atualizada 30/09/2022 às 17h54

Doutor Alexandre Kalache, uma das principais lideranças científicas da geriatria e da gerontologia nacional, e até mesmo, com certeza, do cenário internacional – um grande e respeitado ativista da longevidade – escreveu essa semana um artigo, um texto, publicado no jornal “Folha de São Paulo”, com o mesmo nome dessa coluna de hoje. Portanto, o título não é de minha autoria. Peguei emprestado do Doutor Kalache.

Citada a fonte, desejo repercutir por aqui o que ele nos chamou a atenção com a pergunta estampada no título. Claro que o voto das pessoas idosas, conta, sim. Só que ainda por absoluta falta de interesse e sensibilidade com as questões do envelhecimento, foram poucas candidatas e poucos candidatos que hoje estarão com seus nomes na lista de votação que dirigiram algumas palavras, sinais, projetos políticos ou diretrizes de ação para os seus mandatos que contemplassem as necessidades e os interessas das pessoas idosas. Tanto na esfera nacional, como candidatas e candidatos à Presidência da República, senadoras e senadores e deputadas e deputados federais; quanto, também, os representantes políticos dos estados brasileiros, como candidatas e candidatos a deputada e deputado estadual.

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Pelo que pude acompanhar, foram raríssimas intervenções na propaganda política delas e deles que falaram alguma coisa para as pessoas idosas. Realmente, é como se, como nos provoca o autor supracitado, o voto das pessoas idosas não valessem nada. Não são levados em consideração. É um grande equívoco da maioria da classe política. Os votos dos eleitores seniores, só para ficarmos na realidade da cidade de Juiz de Fora, com certeza, na pior das projeções numéricas, elege um/a deputado/a federal e/ou dois deputado/as estaduais. É a fração etária de eleitores que mais cresceu nesse pleito junto ao segmento jovem, “marinheiros de primeira viagem”, e vem crescendo a cada período eleitoral. Reflexo do aumento populacional do espectro mais idoso de nossa população. Se temos uma população envelhecida, certamente que as pessoas idosas estarão no quadro da Justiça Eleitoral com grande protagonismo quantitativo.

Penso que o maior desafio é fazer com que essa gente idosa não deixe de votar, que compareçam às seções eleitorais. Principalmente aquelas e aqueles idosos que tenham mais de 70 anos. Essa definição etária, esse limite de idade, precisa mudar. Envelheceu. Se estamos vivendo mais e vamos cada vez mais seguir rumo ao alcance dos cem anos, e muito bem de saúde, por que limitar o exercício da cidadania ao voto em 70 anos? Não faz mais sentido. Talvez fizesse em outro momento da dinâmica social, quando morríamos bem mais cedo. Chegar aos 50, 60 anos de idade, na década de 40 do século passado, era um experimento extraordinário, uma grande exceção. Hoje não. A preocupação das pessoas longevas é o que elas vão fazer da vida quando ultrapassarem, por exemplo, os 80 anos de idade? E aqui também está assim. Juiz de Fora tem muita gente idosa, muitas pessoas centenárias. Extraoficialmente temos mais de 100 mil pessoas na cidade com a idade de 60 anos e mais. E tende a crescer. O envelhecimento populacional é uma realidade dada.

O papel político das pessoas idosas é muito importante. Não dá, na minha opinião, para abrir mão de votar. Hoje é o dia da “onça beber água”. Sua participação, eleitora e eleitor maior de 60 anos, é escolher a sua candidata, o seu candidato e marcar sua posição política. Seu voto conta, muito. A urna eleitoral está te esperando!

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