Construindo projetos para a aposentadoria
A Prefeitura, através da Secretaria de Administração e Recursos Humanos (SARH), tendo à frente a competente e dedicada servidora de carreira Andréia Goreske, desenvolve a segunda edição do Programa de Preparação para Aposentadoria do(a) servidor(a) municipal. Na estreia do programa, ano passado, participei como servidor por me enquadrar no perfil para ter participação. Estou próximo de me aposentar. Outros colegas aposentaram-se, o que tem muito pouco tempo, participaram também. Tive a honra e a grata satisfação de, em um desses encontros quinzenais das atividades, ser convidado para facilitar a pauta sobre saúde, qualidade de vida e envelhecimento. Para mim, enquanto servidor municipal e profissional da área da gerontologia (envelhecimento), destaco que trata-se de uma feliz e necessária iniciativa. Por quê? Porque percebo que, de um modo geral, muitas pessoas não têm a cultura de planejar os ciclos de sua vida. A aposentadoria é um deles. E eu diria que é um momento de vida dos mais importantes, se não for o principal. Porque é o trabalho que nos identifica na sociedade. Por exemplo. No meu caso, o colega diz assim: “Procura o Pitico, aquele que mexe com idoso”! Sou reconhecido e visto com aquele profissional, e sou mesmo, que trabalha com a população idosa da cidade. E quando a gente não tem mais o trabalho, ou o sobrenome institucional, devido à aposentadoria, essa fase de vida pode trazer e traz mesmo diversas consequências para a nossa saúde física, afetiva, econômica e espiritual. E um planejamento para a nossa vida pós-trabalho, se faz extremamente necessário para a gente perceber que existe vida, além da pouca amada biometria do nosso cotidiano corporativo. O que nos define que estamos velhos, de um modo geral e rasteiro, é quando estamos aposentados. Aposentou, recebe o carimbo de idoso!Como se a vida terminasse ali, na prestação de serviços diários ao longo dos mais de 30 anos (será?) dirigidos à comunidade.
A literatura especializada nos orienta de que é importante essa preparação para a aposentadoria, o quanto antes, de dois a três anos antes do desligamento profissional e já vislumbrando outras possibilidades de inserção social, com outras atividades: remuneradas ou não. Aprendi na minha trajetória profissional, por meio de estudos e atividades científicas, como participação em congressos e concorridos seminários, e com as próprias pessoas idosas, que é preciso investir holisticamente no nosso desenvolvimento integral como pessoa humana. Investir em atividades físicas. Ter a prática prazerosa de exercícios físicos. É sabido, e ao mesmo tempo muito negligenciado, que a prática regular de caminhadas evita – posterga – a instalação de doenças crônico-degenerativas, como algumas demências, por exemplo. Em relação a esse campo, é importante que a pessoa descubra qual atividade física ela gosta mais, sente mais satisfação e leveza. Um outro aprendizado é desenvolver contato com a arte e com a cultura. Cuidar do espírito, se assim, eu posso dizer. Apreciar e também produzir momentos artísticos fazem muito bem à alma. E ajuda a suportar a crueldade da realidade social, no retrocesso civilizatório em que estamos metidos. E dar sentido a vida. De maneira alguma, eu desejo apresentar uma receita de bolo para a nossa vida pós-aposentado ou até mesmo antes dela, quem sou eu? Mas penso que reunir hábitos de vida que nos são agradáveis e prazerosos, ter atenção ao que a gente come e em que quantidade e qualidade, ir ao encontro de nossos desejos e interesses que possam ser realizados, com certeza, para mim, são comportamentos vitais, literalmente, para a construção de um novo começo que a aposentadoria permite na construção de novos projetos de vida.
No período que antecede a aposentadoria, penso e tenho feito assim. É necessário colocar no papel, na cabeça e na ação diária. Elencar – fazer uma lista, pequena ou grande, depende do seu apetite – que contenha ideias e projetos que você pretende e vai realizar. Só vale o que será feito. Para isso, penso também que é muito importante ter um exercício permanente de autoconhecimento. Quais são os meus pontos fortes? Onde sou bom? Quais são os lados da minha vida que preciso melhorar? Na altura do campeonato, como se diz na crônica esportiva, para esse momento da vida da gente, o que vale é o meu envolvimento voluntário em determinada empreitada. Não tem mais lugar para fazer o que não se gosta. Você é dono do seu tempo. Faz a gestão dele para atender as suas necessidades e carências: de amizades, de mais presença dos familiares, de viajar, aprender um idioma, retomar leituras adiadas, se dedicar à jardinagem. Criar coragem e aprender tocar violão. Entrar para a aula de capoeira e até se envolver em projetos profissionais, desde que te ofereçam prazer e bem-estar. E até não fazer nada disso. Buscar outras possibilidades. Essas perspectivas de futuro, não tão distantes assim, que foram listadas, fazem parte do meu repertório de vida. Prezado leitor e leitora, se tiver, como eu, nessa condição funcional de se aposentar em breve, faça já a sua lista. Te desejo, de coração, prosperidade e boas realizações.