Tábua da salvação

Por Marcos Araújo

16/10/2022 às 08h15 - Atualizada 14/10/2022 às 17h57

Neste sábado, comemorou-se o Dia do Professor. Quem acompanha esta coluna sabe do profundo respeito que este autor tem pelos profissionais da área educacional. Ao longo dos últimos três anos, este espaço, por diversas ocasiões, já foi dedicado aos professores e à educação. Hoje, volto ao tema, sem qualquer tipo de constrangimento por estar me repetindo, porque falar de educação é também falar de vida. E vida e educação, no atual cenário brasileiro, são nossa tábua da salvação diante dessa política necrófila, que só sabe induzir para a naturalização da morte daqueles que pensam diferente. 

Que o Brasil obteve progressos no que diz respeito à garantia do direito de crianças, dos adolescentes e dos jovens a uma vaga na escola, não há dúvidas. Todavia, ainda estamos longe de assegurar que todos permaneçam em sala de aula e aprendam da maneira que deveriam aprender. Para que os frutos advindos da educação sejam colhidos no futuro, é preciso que essa trajetória não seja interrompida. 

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Quando me refiro à questão da permanência, meu foco não é somente no aluno, mas também no professor e professora, que, diante de tanta desvalorização profissional, acabam deixando as salas de aula em busca de oportunidades com remuneração e condições de trabalho mais promissoras. 

Desde criança, lá nos anos iniciais do estudo, ouço sobre a necessidade de melhoria das escolas, de que é preciso dar mais valor para os professores, sobre a importância de mais investimento para educação. Mas pouco se fez e se tem feito para mudar essa realidade. Não existe, por parte do governo, uma vontade legítima de estancar as mazelas que assolam a educação brasileira, e isso está bem claro nos dias de hoje.  O que acontece de forma mais recorrente é a responsabilização dos próprios profissionais da área, em especial os professores, pelos resultados aquém dos desejados.

Pode até existir luz no fim deste túnel, mas ela se mantém quase que apagada. Estamos em um momento crucial para o Brasil, mas nada se tem dito sobre propostas para a melhoria da educação brasileira. Infelizmente, o debate eleitoral foi corrompido e, no lugar da discussão acerca de políticas públicas que fazem diferença na vida prática de cada um nós, estamos sendo obrigados a falar de religião, algo que pertence muito mais ao foro íntimo das pessoas, simplesmente porque tem muita gente convencida de que Deus não está no meio de nós, mas acima de todos. 

Que este 15 de outubro não tenha sido apenas de comemorações vazias, mas que sirva para que nossa sociedade e também os candidatos se conscientizem sobre a importância da educação, sobre a necessidade da criação de meios e garantias para todos os professores e professoras que lecionam da creche ao ensino superior. Que eles possam dar suas aulas da maneira que gostariam de dar, primando sempre pela qualidade do que é ensinado e pela certeza do verdadeiro aprendizado. Por meio deste texto, faço uma homenagem e agradeço a todos os mestres que passaram pela minha vida deixando suas marcas e o ensinamento de que, com a educação, somos uma sociedade muito melhor.

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Marcos Araújo

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