O voto feminino em 2022 – Sou dona de mim

Por Marize Alvarez

18/09/2022 às 07h00 - Atualizada 16/09/2022 às 19h15

Com as eleições gerais deste ano se aproximando, é de grande relevância se falar do voto das mulheres e o quanto tem ele demonstrado que será definidor dos resultados das urnas, justamente no ano em que a conquista do voto feminino no Brasil completou 90 anos, fruto de muitos anos de luta. Esse direito foi concedido pelo presidente Getúlio Vargas em fevereiro de 1932, através do Decreto 21.076.

À época, este direito ficou restrito às mulheres alfabetizadas, com renda própria ou àquelas que possuíam autorização do marido para poder votar, excluindo do sistema eleitoral as mulheres negras e pobres, vindo tais restrições se findarem somente com uma nova constituinte, dois anos depois. Porém, o voto feminino, por décadas, em uma interpretação completamente machista, era considerado de pouquíssima relevância, ficando sob o julgo dos pais e maridos.

PUBLICIDADE

No entanto, na contramão disso, uma conquista de tamanha importância há que ser sempre destacada e valorizada por toda a sociedade, considerando ser inegável que a participação da mulher na política somente propicia que tenhamos uma sociedade cada vez mais justa e contribui efetivamente para o fortalecimento da nossa democracia.

Ademais, é inegável que tal conquista das mulheres significou relevante quebra de paradigmas no sentido do desenvolvimento e crescimento da democracia brasileira e também a inclusão das mesmas no poder de decidir os rumos do país.

Por outro lado, apesar de vir crescendo ao longo dos anos, é extremamente necessário que se promova a ampliação da participação ativa das mulheres na política nacional, posto que este acréscimo resultará na clara possibilidade de se conquistar políticas públicas destinadas a elas, além de acentuarem a força e o lugar de fala para produzirem normas e ações pensadas, discutidas e pautadas por elas próprias.

Atualmente as mulheres representam 53% do eleitorado nacional e, cada vez mais, se expressam com voz e ações próprias, demandando àqueles que pleiteiam um cargo público a procurarem ouvir e entender atentamente as motivações e aspirações desse contingente, sob pena de cometerem um erro que pode significar o insucesso de suas pretensões.

Tanto isso é uma realidade nas eleições deste ano, que o voto feminino se apresenta como forte tendência de ser o definidor dos resultados, estando intimamente atrelado a preocupações muito bem colocadas com a economia e a pandemia, bem como com o grave quadro da violência doméstica no país e o crescente número de feminicídios. Para as mulheres, os problemas afetos ao cotidiano doméstico e à família têm peso decisivo nas escolhas que farão e tal contexto vem se mostrando cada vez mais forte a cada pesquisa realizada pelos institutos afins, significando uma forte dor de cabeça para os candidatos, que precisam ser bastante hábeis para convencer as eleitoras e conquistar esses votos.

Desta forma, em que pese a entrada das mulheres no cenário eleitoral brasileiro ter sido tardia, ou seja 108 anos depois dos homens, assim mesmo por opção (somente tornou-se compulsório a partir de 1965), é muito satisfatório perceber hoje uma evolução acentuada no engajamento feminino, de modo a recuperar o atraso e deixar bem colocado que seu voto não será tomado por ninguém e muito menos submetido à vontade de quem quer que seja, pois como bem canta a linda Isa, na música “Dona de Mim”, estas mulheres pensam e agem assim: “Deixo a minha fé guiar / Sei que um dia chego lá / Porque Deus me fez assim / Dona de mim”. Os candidatos que se cuidem!

O conteúdo continua após o anúncio

Marize Alvarez

Marize Alvarez

Advogada e professora especialista em Direito do Trabalho e Previdenciário e Direito Civil e Processo Civil.

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade pelo seu conteúdo é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir postagens que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.



Leia também