“É o sonho de qualquer escritor estar na Bienal de São Paulo”, afirma a juiz-forana Emanuelle Ferruggini

Por Marisa Loures

10/07/2022 às 12h51 - Atualizada 10/07/2022 às 13h09

Emanuelle Ferruggini leva seus livros  infantis para a Bienal de SP neste domingo – Foto Divulgação

Emanuelle Ferruggini já me disse que quer ser conhecida no mundo todo pelos livros que escreve. Quer ultrapassar as fronteiras de Juiz de Fora, onde seus livros infantis (“Em busca do sol” e “A menina da sapatilha vermelha”) já são conhecidos. Tanto é que, para alcançar seu objetivo, estuda escrita criativa e, com frequência, participa de vários eventos literários realizados na região. Tudo para ter um contato mais próximo com os leitores. E, por falar nisso, é, também, por causa deles que, neste domingo (10), ela se junta a um grupo de autoras independentes e ocupa um stand na Bienal Internacional do Livro de São Paulo.

“Só o fato de vermos tantas pessoas acreditando em seus sonhos já é motivador. Trocar experiências, fazer networking, conseguir contatos e me aproximar dos leitores cada vez mais. É o que eu busco nesta Bienal, mas, acima de tudo, sou também uma leitora voraz e me realizo só de estar em contato com esse universo literário. Apesar de haver mais dificuldades para autores independentes do que para autores que possuem contrato com grandes editoras, não deixo o medo nem as dificuldades me desanimarem ou me impedirem de atingir meus objetivos”, conta Emanuelle, que, ao entrar em contato comigo, muito emocionada, fez questão de ressaltar o quanto é importante para escritores não tão conhecidos poder participar de um evento que conta com a presença de grandes nomes da literatura.

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Ela conta que, pela palavra escrita, apaixonou-se quando ainda era uma estudante que não sabia, ao certo, qual carreira seguir. Pensou em História e em Jornalismo e, influenciada pelas aulas de uma professora de Redação, decidiu-se pelas Letras. Formou-se e fez especialização em Língua Portuguesa. Não era sua intenção dar aulas, mas escrever. Como tem feito. Prepara, para este ano, mais um livro infantil e planeja o lançamento da primeira obra literária voltada para o público adulto.

É a sua primeira vez na Bienal Internacional de São Paulo. O que isso representa para você que já me disse sonhar em ser conhecida no mundo todo?

Imagino que é o sonho de qualquer escritor estar em um grande evento literário, como a Bienal Internacional do Livro de São Paulo. É um degrau a mais em busca de sucesso profissional, porque é um ambiente onde se tem a possibilidade de estar em contato com muitas pessoas do ramo editorial, criando as oportunidades perfeitas para se fazer conhecer, como também, a oportunidade de estar em contato com os leitores. Já estive na Bienal do Rio de Janeiro em 2019 lançando meu segundo livro, mas estar em uma Bienal Internacional em São Paulo, capital que respira cultura, tem um peso maior. É um passo de cada vez que dou em busca da realização do meu sonho.

A Thalita Rebouças costuma contar que, quando começou na carreira, ia a esses eventos e subia até na cadeira para chamar atenção do público. Você está na sua primeira Bienal de SP neste domingo. Já tem alguma estratégia parecida para atrair o leitor que passar por lá?

Infelizmente, sou um pouco tímida para chamar tanta atenção. Tive algumas ideias que podem me ajudar a atrair a atenção dos leitores, mas o mais importante é estar confiante, com um sorriso no rosto e pronta para o que a Bienal tem de melhor: os leitores.

 Você foi para a Bienal com uma turma de autoras independentes, grupo que conheceu na internet. Como se formou essa rede de apoio e como batalharam por um espaço no evento?

Através de uma escritora de Brasília, surgiu a ideia do grupo e, por indicação, uma foi convidando outra para participar desse movimento de apoio. A vontade de estarmos em um evento tão grandioso era comum a todas. Por isso, buscamos informação e meios para conseguirmos a locação de um stand. Dividimos custos, mas multiplicamos nossa força e cá estamos nós.

Seu próximo livro infantil está a caminho. Como é o protagonista dessa nova aventura?

Nosso próximo amigo será o Papito, um papagaio cheio de sonhos que usa um cachecol vermelho. Mas que, também, possui alguns medos. Sem querer dar muitos spoilers, só digo que será uma aventura emocionante e muito legal de um papagaio pirata.

Você já me disse que busca trazer um “algo a mais nos seus livros”, indo além do entretenimento, pois quer levar ao leitor “um motivo para eles refletirem sobre a vida e quererem ser seres humanos melhores”. Você vai abordar o medo. Por que considera tão importante discutir essa questão neste momento?

Vivemos uma pandemia, período muito difícil para todos nós e ainda estamos nos recuperando.  Muitos sonhos foram defeitos, muita gente desacreditada do futuro. Infelizmente, medo foi uma palavra constante na vida do ser humano  nos últimos tempos, e a história é, justamente, sobre a possibilidade de enfrentarmos os nossos medos para realizarmos nossos sonhos. Já dizia Paulo Coelho: “o mundo está nas mãos daqueles que têm coragem de sonhar e correr o risco de realizar seus sonhos.” Então, que essa história venha para acalentar grandes sonhos nos corações dos leitores.

Por falar em pandemia, ela mudou os planos de muitos escritores. Como ela afetou sua produção literária?

A pandemia não mudou muito minha produção literária, apesar de eu não ter escrito tanto quanto eu gostaria, já que meu ritmo de trabalho não foi muito afetado (eu trabalho com salgados congelados também), mas me fez enxergar o mundo de uma maneira mais bonita e empática. Intensificou minha vontade de mostrar ao mundo o que de bom que podemos fazer pelo outro. Sou pisciana, então já sou uma sonhadora de nascença. Sempre procurei olhar o mundo com bons olhos e ver o que o mundo passou só me fez querer fazer mais e melhor para o outro. Pretendo fazer isso através dos meus livros, das mensagens que coloco em cada um deles.

Já sei que um livro voltado para o público adulto também está vindo por aí e deve ser lançado ainda neste ano. Trata-se do romance que você havia anunciado em 2019? Que história te escolheu dessa vez?

Ainda não será meu primeiro romance. Este eu ainda estou gestando. Como eu sempre digo que meus livros nunca serão somente “mais um livro na prateleira”, estudo e escrevo para que sejam excelentes. Então, ainda estou trabalhando nele para chegar à obra final. O próximo livro, saindo do universo infantil, será um compilado dos meus textos escritos desde os meus 15 anos.  Será uma coletânea de contos, poesias e pensamentos poéticos.  Textos curtos que poderão ser lidos em doses diárias.  Para serem saboreados aos poucos.

Apesar de você não escrever apenas para crianças, esse será seu primeiro livro literário publicado para os adultos. Que caminho buscou percorrer para conseguir tocar esse público?

Como eu disse, serão textos escritos ao longo de 25 anos.  Textos escritos com sentimento e paixão por esse universo dos livros. Penso que, só o fato de colocarmos nossa alma naquilo que fazemos, nos propondo a fazer bem feito,  já é motivo para tocar o coração do outro.

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“A menina da sapatilha vermelha”

Autora: Emanuelle Ferruggini

Editora: Paratexto, 64 páginas

 

 

 

 

 

“Em busca do sol”

Autora: Emanuelle Ferruggini

Editora: Funalfa (57 páginas)

 Contato da autora: @autoramanuferruggini

Marisa Loures

Marisa Loures

Marisa Loures é professora de Português e Literatura, jornalista e atriz. No entrelaço da sala de aula, da redação de jornal e do palco, descobriu o laço de conciliação entre suas carreiras: o amor pela palavra.

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