Uma aventura criada por uma vovó e dois netinhos muito espertos
Lucas tinha 5 anos, e Gustavo, 3, quando tiveram a ideia de escrever um livro. Vovó Lili ficou muito orgulhosa dos netos. “Queremos escrever sobre monstros!”, disparou Lucas, e a sugestão foi aprovada por todos. Rapidamente, os três puseram a mão na massa. “Leco e seus amigos monstrinhos – Sem medo de aprender” foi lançado no ano passado por meio das redes sociais da autora. Não demorou muito e foi logo recebendo o apoio dos leitores na edição de 2020 do Prêmio Ecos da Literatura.
O resultado foi divulgado em junho de 2021, e a obra foi premiada em quatro categorias: Alice Gervason recebeu ouro como Melhor Autora Nacional, e, em Melhor Profissional da Área, o ilustrador Alberto Pinto ganhou prata. Para completar, “Leco e seus amigos monstrinhos – Sem medo de aprender” também obteve prata na categoria Melhor Livro Infantil e ouro como Melhor Ilustração.
A vovó Lili criou Leco, um garoto muito esperto, e também o Menino do Cabelo Arrepiado. As crianças, é claro, ficaram por conta de dar vida aos monstrinhos que transitam pelas 24 páginas do livro. “Na época, eles ainda não sabiam ler nem escrever, mas a imaginação pipocava nas suas cabecinhas, afinal, vovó Lili estava sempre com histórias para contar. Eles criaram os personagens baseados nos seus medos e manias. Lucas criou o Vampiritite, o Esquelitite e a Aboboratite. Gustavo criou a Chupeta estragada e o Lençol Molhado de Xixi. É importante ressaltar que, a pedido do ilustrador Alberto Pinto, foram eles que desenharam os personagens de acordo com a imaginação deles”, conta Alice Gervason, a vovó Lili. Ela gostou tanto da ideia de produzir ao lado dos netinhos que já está se aventurando em um novo título. Dessa vez, a pequena Lavínia também entrará para o time de autores mirins.
Hoje, quem conversa comigo é Alice. Ela ocupa a cadeira número 10 da Academia Juiz-forana de Letras. É membro da Sociedade Brasileira de Poetas Aldravinistas e da LeiaJF – Liga de Escritores, Ilustradores e Autores de Juiz de Fora. Também é fundadora e coordenadora da Academia Brasileira de Autores Aldravinistas InfantoJuvenil de Santos Dumont. Entre seus livros publicados estão “Mulheres de pulso” e “Aldrafabetando – Bichos, brinquedos e brincadeiras”.
Marisa Loures – Gostaria que a vovó apresentasse os pequenos Lucas e Gustavo, seus parceiros de escrita. Como é a relação deles com os livros?
Alice Gervason – É com muito orgulho que falo dos meus pequenos grandes netos Lucas e Gustavo, amores meus. Lucas é um menino ativo, observador, inteligente. Tem imaginação fértil, curioso e com facilidade de expressão. Gustavo é ágil, criativo, atento e inteligente. Procura se espelhar no irmão. Hoje estão com 7 e 5 anos, respectivamente, mas, na época da criação do livro, tinham cinco e três anos. Desde quando nasceram, tiveram contato com os livros. Hoje, já no período de alfabetização, leem constantemente. Adoram ter nas mãos livros, e, com as mentes pipocando ideias, a inspiração anda solta. É maravilhoso ver o interesse deles para a leitura e a criação de histórias. Não podia ser diferente!
E como foi a experiência de escrever um livro ao lado dos netos?
Criar oportunidades que refletem e trazem a necessidade da escuta, do fazer, do valorizar ideias e feitos, enfim, do abrir portas para a criação do próprio conhecimento, é muito gratificante. Estar com meus netos é sempre um prazer imenso. É benção! Além de manter viva a criança que existe em mim, crio possibilidades. E isso não tem preço!
Você é pedagoga e pós-graduada em Alfabetização e Letramento. Tem experiência com o público-alvo desta nova obra. O que um bom livro de literatura deve ter para que possa, de fato, contribuir com o processo de formação da criança?
O processo de formação de uma criança deve ser visto com muita responsabilidade e compromisso, de forma a atendê-la em suas peculiaridades individuais, propiciar a interação, a inclusão, valorizando sempre o que cada criança já possui de conhecimento adquirido para uma melhor socialização. Ao propiciar a integração de forma consciente, a literatura contribuiu para que a criança forme seu próprio conhecimento. Então, para mim, destacando em especial o livro infantil, ele tem que ter cor, ser bem ilustrado, letra legível fora das ilustrações e que traga, além do visual, uma mensagem para a vida.
O livro conduz o leitor a uma aventura cheia de monstrinhos criados, também, “pelas mentes fantasiosas” do Lucas e do Gustavo. Qual a importância da fantasia na infância?
A fantasia é importante sempre em todas as etapas da vida. Ela traz um despertar colorido ao saber. Portanto, criar e vivenciar a fantasia, especialmente na infância, é pegar a estrada certa para um futuro com mais alegria e possibilidades.
Qual é a mensagem que o trio de autores quer passar com “Leco e seus amigos monstrinhos – Sem medo de aprender”?
O livro “Leco e seus amigos monstrinhos – Sem medo de aprender” se apresenta num gostoso abraçar de possibilidades, abordando medos e manias, comuns da infância, de forma divertida e eclética, e a maioria das crianças se identificam na história. Apresenta dicas de como lidar com os temas abordados: uso da chupeta, xixi na cama, alimentação sadia, manias diversas, uso dos óculos, entre outros de forma divertida e estimulante.
Alice, você não para, produz o tempo todo. Constatei isso quando conversamos da outra vez para a coluna e percebo isso por meio das suas redes sociais. Como tem sido sua produção neste momento de pandemia?
Realmente, a pandemia mudou não só a minha vida, mas de todo mundo. A minha prática na escrita e na leitura ganhou mais horas “extras”, vamos dizer assim, devido à necessidade de isolamento e afastamento social.Tenho participado bem mais de concursos, antologias, artigos para jornais, lives, entre outros. Minha escrita tem sido bem eclética, buscando atender as normas estipuladas e me aperfeiçoar mais nas diversas formas literárias. Neste período, escrevi contos, trovas, poetrix, pantuns, aldravias, quintas, sonetos, micro contos, poesias, literatura infantil, etc, conseguindo também várias classificações. Acho que o conhecimento geral das diversas formas literárias nos proporciona um aprendizado valoroso e significativo.
Você entrou em cinco categorias do Prêmio Ecos da Literatura em 2020, chegando à final em quatro delas. Levou duas pratas e dois ouros. O resultado era esperado?
Fiz campanha através das redes sociais e no corpo a corpo, mostrando a obra para qual pedia apoio. Fiquei muito emocionada com o resultado. A gratidão será sempre um sentimento que acompanhará esta quádrupla conquista, afinal, foram milhares de pessoas que acreditaram na proposta. Quando entramos numa disputa, o pensamento tem que ser positivo. Entrei determinada e confiante. Não podia ser diferente, mas confesso que não esperava tanto.
Quais são seus projetos literários?
Como você mesma disse, não paro. Adoro ler, escrever, compartilhar meus pensamentos, dividir e receber conhecimento. Adoro crianças, amo a vida, aprendo a cada dia. Pretendo continuar a produzir trovas. Com elas, já consegui várias classificações graças ao curso que fiz pela AJL com o mestre Arlindo Tadeu Hagen, manter ativada minha página no Jornal Aldrava Cultural, lançar a segunda edição de “Mulheres de pulso”, agora com mais de 20 mulheres, continuar meus trabalhos nas academias das quais faço parte e na LEIAJF, participar de lives, ministrar oficinas e palestras de aldravias e na área infantil. Como não poderia ser diferente, estou chegando, novamente, agora com três netos — Lucas, Gustavo e Lavínia — como inspiração, numa deliciosa brincadeira de “faz de conta”, onde toda criança se diverte com a própria imaginação e criação. E vocês também irão se divertir. Querem apostar? “O Menino que queria ser poste”. Em breve!
“Leco e seus amigos monstrinhos – Sem medo de aprender”
Autores: Alice Gervason, Lucas e Gustavo
24 páginas
Os interessados em adquirir o livro devem entrar em contato com Alice Gervason: (32) 98429-4037.