Sinttro pede ajuda da PJF para solucionar impasse; Executivo cobra parte da frota nas ruas

Categoria fez passeata pelas ruas centrais até chegar à Settra no Bairro Ladeira


Por Carolina Leonel, Vivia Lima e Gabriel Silva, estagiário sob supervisão do editor Eduardo Valente

19/08/2020 às 10h13- Atualizada 19/08/2020 às 20h35

Motoristas e cobradores estão reunidos no Centro de Juiz de Fora desde o início da manhã desta quarta-feira (19). Após se reunirem em frente à Câmara Municipal, por volta das 8h, os trabalhadores iniciaram uma passeada pelas principais viasda área central do município, passando, inicialmente, pelas avenidas Rio Branco e Getúlio Vargas. Há expectativa de fechamento de todo o trânsito em forma de protesto, mas, ao menos nos primeiros movimentos, iniciados às 9h30, o tráfego de veículos não está impedido.

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No encontro do início da manhã, a categoria deliberou por fazer um abaixo-assinado pedindo uma resposta do Ministério Público sobre a CPI dos Ônibus, uma vez que a categoria afirma “ter terminado em pizza”.

Rodoviários tentam sensibilizar a população sobre a necessidade de manter o movimento grevista (Foto: Leonardo Costa)

Ivanete Liquer foi uma das pessoas que escreveu seu nome no abaixo-assinado elaborado pela manhã. Ela, que é usuária do transporte público, se disse favorável às manifestações salariais. “A comunidade depende dos ônibus, mas, eles precisam de ter salários dignos para exercer suas funções. Eu apoio”, relatou acrescentando que nesta quarta desceu para o trabalho de carona.

O abaixo-assinado tem sido apresentado aos passantes e comerciantes que a categoria encontra durante a passeata, sendo possível assiná-lo digitalmente através deste site.

A aglomeração em frente ao prédio público se dá uma vez que os trabalhadores do transporte público estão sendo impedidos de entrar nas empresas. “Foi a solução que encontramos. Chamar todos aqui para definir aquilo que entendemos como direito”, disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário (Sintrro), Vagner Evangelista.

Faixas e cartazes pelas ruas do Centro

Em frente ao prédio da Justiça do Trabalho, rodoviários interromperam a passeata para fazer um minuto de silêncio (Foto: Leonardo Costa)

O grupo de manifestantes parou em frente do prédio do Fórum da Justiça do Trabalho, onde fez um minuto de silêncio. Na sequência o grupo seguiu caminhada carregando faixas e fazendo um apitaço. A cada momento que o sinal se fecha para os veículos, os manifestante erguem suas faixas pedindo o acerto do ticket alimentação, da cesta básica e salário integral, sem divisões em parcelas. Como sinal de apoio ao movimento, motoristas buzinavam durante todo o trajeto. Os profissionais receberam apoio também daqueles que ocupavam as calçadas.

A passeata seguiu pela Rua Afonso Pinto da Mota e dobrou pela Avenida Getúlio Vargas. Ocupando a faixa destinada aos ônibus. Antônio Souza, 70 anos, foi surpreendido pelo movimento. Ele aguardava um ônibus para Torreões e, ao ser informado pela a Tribuna da não circulação da frota, decidiu ir para casa, na Rua São Sebastião, onde mora.

Rodoviários desceram a Rua Espírito Santo e pararam em frente a sede da Astransp (Foto: Leonardo Costa)

Após andarem por toda a Getúlio Vargas, os manifestantes seguiram pela Rua Espírito Santo e pararam em frente à Astransp. Sob gritos de “vergonha”, novamente eles expuseram suas reivindicações usando o microfone e o carro de som. Também no local ecoou da voz de todos participantes o Hino Nacional.

Na noite de terça-feira, a Anstransp emitiu nota sobre a greve e a parte mais criticada foi a que diz que a categorias tem “privilégios “. No microfone, o líder do Sinttro, Vagner Evangelista, solicitou a presença de empresários para esclarecer a nota da entidade. “Isso é uma vergonha. Queremos saber quais são estes privilégios. Venham nos explicar “,asseverou Vagner.

A vendedora Marina Siqueira estava saindo da Anstranp quando foi surpreendida pelo grupo. “Eu vim fazer outro cartão vale transporte, já que o meu quebrou. Tomei um susto quanto vi esse tanto de gente aqui.” Perguntada, ela se disse prejudicada com a greve, mas apoiadora do movimento.

Rumo à Settra

O destino final do grupo é a Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra), no Bairro Ladeira. Já na Avenida Rio Branco, logo depois do Mergulhão, moradores de um prédio acenavam e batiam palmas. De um dos apartamentos, uma toalha branca foi estendida em apoio às reivindicações dos rodoviários. Pouco antes das 13h, o grupo chegou à Settra e tinha expectativa de ser recebido pelo chefe da pasta, Eduardo Facio. Um representante sindical informou que o secretário só receberia motoristas e cobradores com autorização do prefeito Antônio Almas. Sete guardas municipais faziam a segurança do prédio.

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No meio da tarde, o secretário de Transporte, Eduardo Facio, recebeu representantes do Sinttro/JF. A reunião aconteceu na sede da pasta municipal, no Bairro Ladeira. Após o aceno positivo da Settra, houve dispersão dos trabalhadores, e poucos rodoviários permaneceram aguardando o término do encontro, que durou quase duas horas e ocorreu a portas fechadas. Participaram da reunião o presidente do sindicato, Vagner Evangelista, e o motorista Júlio César Pereira, que, ao final do encontram, falaram com a Tribuna. Eles foram recebidos pelo titular da Settra e, também, pelo secretário de Governo, Ricardo Miranda.

De acordo com o presidente do Sinttro, na conversa, o sindicato solicitou que a Prefeitura intermediasse, de alguma forma, na negociação entre a categoria e as empresas. Ainda conforme o Sinttro, a Administração municipal teria contestado o descumprimento da prestação mínima do serviço, previstas em serviços essenciais, como ônibus. Embora constasse no edital de greve do Sinttro/JF que o movimento respeitaria a manutenção de 30% do serviço em atividade, a circulação de toda a frota de veículos está interrompida desde a manhã de terça-feira.

Após a reunião, à Tribuna a Prefeitura afirmou que se coloca à disposição das partes para auxiliar nas negociações em busca de um consenso, de forma a garantir a prestação do serviço à população de Juiz de Fora. Contudo, ressaltou que trata-se de uma questão de ordem trabalhista, que já vem sendo debatida no âmbito da Justiça do Trabalho. O Município afirmou ainda que solicitou aos grevistas a necessidade de manutenção de um percentual mínimo da frota em funcionamento, visto que se trata de um serviço essencial para a sociedade.

Ao término do encontro, os representantes da categoria se reuniram em frente à Settra com os cerca de 20 rodoviários que ainda permaneciam no local. Ao serem informados da contestação feita pela Prefeitura, os trabalhadores demonstraram indignação, e os ânimos se exaltaram. A categoria se mostrou irredutível e alega que continuará de braços cruzados, com todas as atividades interrompidas, até que os benefícios em atraso sejam quitados. Trabalhadores da empresa Gil, que ainda permaneciam no prédio da Settra ao fim da tarde desta quarta, estavam consternados com a situação da categoria. À Tribuna, eles alegaram ter recebido da empresa valores irrisórios do pagamento este mês. “Quando você trabalha 30 dias, você espera receber o que? Seu salário pelos 30 dias. Eu recebi R$ 18”. De acordo com o sindicato, a categoria irá se concentrar novamente nesta quinta (20), às 7h, em frente à Câmara Municipal.

Astransp busca na Justiça direito de retomar serviços

Conforme constava no edital de greve de greve  do Sindicato dos trabalhadores em Transporte de Juiz de Fora (Sinttro), o movimento na cidade respeitaria o critério de manter 30% do serviço em atividade. Entretanto, desde as primeiras horas de terça-feira toda a frota está parada. Procurada pela Tribuna na manhã desta quarta-feira, a Associação Profissional das Empresas de Transporte de Passageiros de Juiz de Fora (Astransp) informou que busca na Justiça o direito de retomas as atividades. De acordo com a entidade, a ordem judicial pode sair a qualquer momento.

Tópicos: greve

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