Turma da Mônica conhece lugares inimagináveis no livro “Outro lar”

Por Marisa Loures

17/10/2017 às 07h00 - Atualizada 17/10/2017 às 08h20

Ala Mitchell passa por Minas Gerais para lançar “Outro lar”, quinta obra lançada através de parceria entre a Mauricio de Sousa e a editora Boa Nova – Foto Divulgação

Mônica, Cebolinha, Magali, Cascão Chico Bento, Franjinha, Marina e Zé Lelé não param de se envolver em deliciosas aventuras. Dessa vez, eles embarcam para o Rio de Janeiro, no livro “Outro lar” (Boa Nova, 64 páginas). Nessa viagem, com a ajuda de André, primo espírita de Cascão, os personagens visitam os pontos turísticos da Cidade Maravilhosa e aprendem como a prática de bons hábitos pode ajudar a ter sonhos melhores e até conhecer lugares inimagináveis, com lindos bosques, prédios, hospitais modernos e até ônibus que voam.

“‘Outro lar’ fala sobre essa mensagem da participação das crianças nesse mundo ideal, nesse mundo maravilhoso. Estamos num momento em que tantas notícias ruins abalam a nossa crença num Brasil melhor, mas, ao mesmo tempo, reforçam, porque a justiça e a busca pela verdade estão aí prevalecendo. Quando a gente começa a tocar nessa mensagem, as crianças , os jovens e os adultos, principalmente, que acreditam nela, têm proliferado que é possível, sim, através da sua própria ação, construir um mundo melhor, porque a mudança começa em nós”, comenta Ala Mitchell, que assina a obra ao lado do autor peruano Luis Hu Rivas.

PUBLICIDADE

Em Minas Gerais para divulgação do livro desde o início do mês, Ala se encontra com os leitores dia 4 de novembro, às 17h, na Livraria Saraiva – Center Shopping, de Uberlândia. “Outro lar” é a quinta publicada através de uma parceria entre a editora espírita Boa Nova e a Mauricio de Sousa Produções. Já foram enviados para as prateleiras os livros “Meu pequeno evangelho”, “Meu pequeno evangelho – livro de atividades”, “Chico Xavier e seus ensinamentos” e “Magali em outras vidas.” Na nossa conversa, o escritor conta detalhes das peripécias da turminha e fala sobre a repercussão da parceria da Turma da Mônica com a editora espírita. Não faltaram comentários com teor de intolerância religiosa, no entanto, os elogios sobressaíram, rendendo resultados positivos.

Marisa Loures – Neste livro, a Turma da Mônica faz uma viagem fantástica para o Rio de Janeiro. Qual a importância dessa cidade para a história?

-Ala Mitchell – Ela é importante porque, para nós espíritas, é um marco na nossa literatura quando, através da mediunidade de Chico Xavier, ele começa a relatar um mundo espiritual que existe acima do Rio de Janeiro especificamente. Mas, em várias outras cidades, existem também estas conexões com mundos mais elevados. Quando a gente desencarna, há essa grande possibilidade de a gente se encontrar nesses mundos melhores, mundos aprimorados, mais desenvolvidos. Na verdade, nosso mundo aqui na terra é apenas uma cópia desse mundo, uma cópia ainda em construção. Há colônias espirituais em todas as cidades do mundo, só que essa é uma referência que nós reconhecemos com mais facilidade.

– As histórias com Mônica e Cebolinha giram em torno do eterno conflito entre os dois personagens. Esses conflitos estão presentes no livro?

Não poderia deixar de ser dessa forma. A turminha tem suas próprias características. A Magali é comilona, o Cascão não gosta de tomar banho. A gente não conseguiu nas nossas historinhas fazer o Cascão tomar banho, mas é uma coisa muito própria. Não é que o Cascão não gosta de tomar banho, ele tem pavor, pânico da água. O Cebolinha troca as letras, gosta de bolar planos, é uma pessoa muito imaginativa. Todas elas são crianças do bem. Inclusive, no processo de fazer bullying com a Mônica, na verdade, o Cebolinha gosta dela. É uma forma de demonstrar esse carinho. E a Mônica, apesar de dar as “coelhadinhas” nele também, quando há necessidade, ela vai proteger seus amiguinhos. Ela faz tudo com carinho, e as crianças reconhecem isso em todos os momentos.

Os autores Ala Mitchell e Luis Hu Rivas com Mauricio de Sousa na divulgação do livro “Chico Xavier e seus ensinamentos” – Foto Divulgação

 

– “Outro lar” é a quinta obra produzida através dessa parceria. Os livros dialogam um com o outro?

Eles não dialogam diretamente um com o outro, porque todos têm uma temática muito própria. O primeiro foi “Meu pequeno evangelho”, que fala justamente sobre as boas novas, as virtudes que nós todos como cristãos, e não somente cristãos, mas de outras religiões, reconhecem que o mestre Jesus nos trouxe. Esses valores são universais, estão espalhados pelo mundo.  O segundo reforça o evangelho. O terceiro livro é “Magali em outras vidas”, que fala de reencarnação. É mais uma etapa da construção dessas informações. O quarto livro é “Chico Xavier e seus ensinamentos”. São exemplos iluminados de Chico Xavier, como pessoa, como brasileiro, como ser humano. É conhecido por diversas pessoas de diversas religiões. Na verdade, a doutrina espírita não prega apenas uma ideia religiosa, ela prega uma ideia de comportamento, de hábito, no sentido de que todos nós almejamos um mundo melhor, pessoas melhores, encaixando-se numa sociedade mais justa em que todos nós somos participantes e coparticipantes desse mundo melhor. Para fazer um mundo melhor, eu preciso ser uma pessoa melhor.

“A turminha não é de uma religião específica. Não é católica, não é budista, não é espírita. Ela está aprendendo com esses valores universais a construção de um mundo melhor.”

– Os textos passam pelo crivo do Mauricio de Souza? Como vocês trabalham essa parceria?

Com certeza. Todos os textos são construídos por mim e pelo Luis Hu. Eu passo o texto para ele, e ele passa para mim. A gente vai corrigindo, aprimorando os textos até ficarem numa ideia própria, um conceito. Esse conceito é enviado para a equipe do Mauricio de Sousa, que é maravilhosa e tem uma sensibilidade fantástica. Eles leem o material, analisam o que tem a ver com as característica da turminha e nos dão o feedback. Vai e volta o livro. Depois disso, chega o momento de começar os primeiros rabiscos dos desenhos. Aí começam as primeiras ideias. A gente faz sugestões, eles analisam, corrigem umas coisinhas e depois chega até o Mauricio, que dá uma sempre uma olhada geral para ver se o conteúdo está condizente com as características da Turma da Mônica. Na verdade, a turminha não é de uma religião específica. Não é católica, não é budista, não é espírita. Ela está aprendendo com esses valores universais a construção de um mundo melhor. Tanto é que existem livros católicos também com a turminha.

“Quando você fala da ideia do bem, é a ideia do bem por si e não como religião específica. A gente não precisa divulgar a religião, a gente divulga o bem, o bem em si é a própria divulgação.”

O conteúdo continua após o anúncio

– Quando os livros da Turma da Mônica, com selo da Boa Nova começaram a ser publicados, houve comentários com intolerância religiosa. Essas críticas, em algum momento, chegaram a abalar a parceria de vocês?

Não há preocupação nenhuma e não abalou de forma alguma. Na verdade, só reforçou, porque, na medida em que várias outras pessoas começaram a comentar sobre essa parceria, os livros acabaram sendo mais divulgados. A ideia é que a Turma da Mônica possa conhecer esses universos. O Mauricio lançou agora a biografia dele. Nela, ele fala que é católico, tem educação católica, a mãe era católica, porém a avó dele fazia sessões espíritas na casa dela. O Mauricio participava e conheceu um pouco do que era o espiritismo. Ele se encantava, porque via diversos grupos de pessoas diferentes participando das reuniões, desde pessoas de classes mais nobres até classes mais simples. Ele via todos eles interagindo, conversando, buscando aprender. Quando você fala da ideia do bem, é a ideia do bem por si e não como religião específica. A gente não precisa divulgar a religião, a gente divulga o bem, o bem em si é a própria divulgação. Quando a gente faz esse trabalho, é independente de religião, porque a gente não fala somente para o espírita. O espírita é aquele que mais bebe dessa fonte, mas temos diversos comentários de pessoas que são de outras religiões. Católicos, judeus, budistas falam que leram o livro, conheceram e acharam muito bons. Compraram o livro para seus filhos, porque eles entendem que o mais importante é a mensagem, e a mensagem do amor é nossa maior preocupação.

“Outro lar – Uma viagem de muitos ensinamentos”

Autores: Mauricio de Sousa, Ala Mitchell e Luis Hu Rivas

Editora: Boa Nova, 64 páginas.

Marisa Loures

Marisa Loures

Marisa Loures é professora de Português e Literatura, jornalista e atriz. No entrelaço da sala de aula, da redação de jornal e do palco, descobriu o laço de conciliação entre suas carreiras: o amor pela palavra.

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade pelo seu conteúdo é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir postagens que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.



Leia também