Covid-19 e seus contrastes

“A pandemia acentuou ainda mais a divisão da nossa população, destacando inúmeros problemas sociais que todos conhecem, mas preferem ignorar”


Por Maicon Cristian, graduando em Jornalismo da Estácio JF

31/10/2021 às 07h00

Em 2019, o mundo foi apresentado ao que seria um dos seus maiores adversários dos últimos anos, o vírus Sars-CoV-2, responsável pela Covid-19. E é do conhecimento da maioria das pessoas o quão devastador foram suas consequências com o passar do tempo. Vidas foram perdidas; empregos, arruinados; sonhos, interrompidos, e tantas outras mais.

Quando falamos de Brasil, a catástrofe não é tão diferente quanto aos demais países, certo? Pois digo que sim, é! Porque, além de tudo isso, a pandemia acentuou ainda mais a divisão da nossa população, destacando inúmeros problemas sociais que todos conhecem, mas preferem ignorar, sendo corroborados por pensamentos e falas políticas, a maioria disseminando mentiras e desinformação.

PUBLICIDADE

E a profundidade dessa diferença é exemplificada quando pegamos o levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), em que aponta que apenas 34% dos ocupados em teletrabalho são negros, enquanto entre os não negros esse percentual sobe para 66%. Além disso, quando se olha as pesquisas feitas pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), podemos ver que homens ganham mais que mulheres, ainda mais quando se trata de homens brancos e mulheres negras.

Tá, mas isso quer dizer que a pandemia tornou o país ainda mais racista e machista? Não! Pois isso infelizmente já está presente por aqui há muito tempo. Ela apenas nos mostrou o quanto uma determinada parcela da população é vulnerável, e, em tempos de crise, é de longe a mais afetada, por falta de recursos, oportunidades e reconhecimentos; mostrando o quanto desumano o ser humano pode ser.

E, mesmo com uma torrente de más notícias nos assolando todos os dias e nos induzindos ao pessimismo, a pandemia também me trouxe esperança, apesar de tudo, pois, ainda que o desgoverno tente ao máximo minar a população pobre do país, também podemos ver pessoas comuns tomando a linha de frente nessa calamidade, dos inúmeros profissionais de saúde que deram e ainda dão suas vidas para salvar a do próximo, do representante de bairro que cria uma ação em sua comunidade para arrecadação de álcool gel e alimentos para os vizinhos que perderam seus empregos, alguns famosos fazendo doações para ajudar na compra de respiradores, tudo isso em meio ao caos do dia a dia.
Ou seja, aqui consigo ver o contraste que a pandemia nos trouxe em ambos os aspectos, tanto aos que ignoram o problema do próximo quanto aos que não deixaram o próximo ser ignorado.

Esse espaço é para a livre circulação de ideias e a Tribuna respeita a pluralidade de opiniões. Os artigos para essa seção serão recebidos por e-mail (leitores@tribunademinas.com.br) e devem ter, no máximo, 30 linhas (de 70 caracteres) com identificação do autor e telefone de contato. O envio da foto é facultativo e pode ser feito pelo mesmo endereço de e-mail.

O conteúdo continua após o anúncio

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.