Um presidente sem partido

“Um fato enigmático é que o presidente está sem partido. Alguns pontos são necessários recordar para a análise dessa situação (…)”


Por Marcelo Frank, engenheiro civil com especialização em Gestão Pública

29/09/2021 às 07h00

O comportamento do presidente da República desde o início do mandato mostra algo diferente do padrão de seus antecessores. Alguns ex-presidentes tiveram condutas extravagantes, conforme relatos históricos, mas o atual supera todos. Certos analistas políticos consideram que as atitudes intempestivas do presidente fazem parte de um método diversionista adotado por ele, com o intuito de desviar a atenção do público sobre outros assuntos preocupantes. Há quem interprete as atitudes contemporâneas do presidente como aquelas que ele outrora como parlamentar federal usava costumeiramente. A maioria dos cronistas políticos, mesmo que condenando os destemperos do presidente, sempre conclui seus textos considerando que Bolsonaro age sempre para agradar os seus seguidores. O presidente da República, com quase três anos de mandato, amarga uma reprovação de seu Governo pela maior parcela dos entrevistados em várias pesquisas de opinião. Essas pesquisas também mostram grandes dificuldades para a reeleição de Jair Bolsonaro, pelo conjunto de insucessos (até então) de seu Governo, tais como: má gestão da pandemia de Covid-19; aumento do custo de vida; alto índice de desemprego, entre outros.

Um fato enigmático é que o presidente está sem partido. É necessário recordar alguns pontos para a análise dessa situação: 1 – O atual presidente se elegeu pelo partido PSL e, depois da posse, saiu do partido alegando discordância com a direção partidária. 2 – Em seguida, o presidente partiu para o projeto de criação do seu próprio partido denominado Aliança pelo Brasil, mas ainda não logrou êxito esse projeto. 3 – O presidente recebe convite para ingressar em algum dos partidos ligados ao “centrão” (bloco partidário na Câmara dos Deputados), mas ainda não aceitou o convite. 4 – O PRTB, ao qual o vice-presidente Hamilton Mourão é filiado, foi também cogitado para abrigar o presidente, porém não houve avanço nessa conversa. 5 – Com a filiação do senador Flávio Bolsonaro ao partido Patriota, era dada como certa a ida do presidente para essa legenda, no entanto isso ainda não aconteceu. 6 – O ex-deputado federal Roberto Jefferson, que é presidente do PTB, ofereceu a sigla para o presidente da República, contudo o assunto não evoluiu.

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As notícias dos bastidores políticos em Brasília relatam que o principal empecilho para a filiação partidária é causado pelo próprio presidente: ele exige ter o controle total do partido ao qual vier a se filiar. Acontece que o “dono” de partido não vai facilitar isso para o presidente.

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