Saúde mental no pós-Covid-19
O atual momento de enfrentamento da Covid-19 traz inúmeros desafios. A necessidade de isolamento social, de adaptação às novas formas de trabalho, seja em home office, seja em modelo híbrido, a ameaça iminente de contaminação e todas as perdas impostas pelo vírus repercutem na saúde emocional das pessoas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 300 milhões de pessoas sofrem de depressão, e 260 milhões, de transtornos de ansiedade. Diante dos planos de contenção da doença e de medidas econômicas mais drásticas, cria-se um cenário de muita instabilidade e incerteza, no qual as pessoas acabam sofrendo uma “carga extra” de preocupações, além daquelas habituais.
Níveis de estresse elevados prejudicam o funcionamento cognitivo mental e impedem que novos aprendizados e processos criativos, mais adaptativos, ocorram. O estresse gerado pelo cenário de crise pode incluir medo e preocupação sobre a própria saúde e dos seus entes queridos. Tanto para as pessoas como para as empresas, é necessário identificar os níveis de estresse e avaliar se estão afetando o bem-estar e colocando a vida dos trabalhadores em risco.
O conhecimento sobre saúde mental é importante, especialmente, em momentos de crise no qual há sobrecarga emocional. As pessoas precisam saber reconhecer quando o “copo” está prestes a “transbordar” e como manter seu equilíbrio físico e mental. Os níveis de estresse variam de acordo com as circunstâncias, mas cada pessoa deve aprender a reconhecer seus gatilhos emocionais para manejar as situações estressoras e criar estratégias efetivas para lidar com isso.
A atenção às questões de saúde mental é decisiva para a manutenção da força produtiva pós-Covid-19. Em especial, para as empresas que objetivam o desenvolvimento sustentável e seguem diretrizes ambientais, sociais e de governança (ESG) e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
O desequilíbrio na saúde mental tem um efeito cascata, que afeta desde o nível individual, acarretando perdas expressivas na produtividade, e afastamentos por motivos de doença. A Organização Internacional do Trabalho destacou no relatório intitulado “Managing psychossocial risks during the Covid-19 pandemic” que esses aspectos devem ser periodicamente monitorados. A OIT ressalta que há algumas áreas importantes que devem ser avaliadas e abordadas pelas empresas, são elas: equipamentos e ambiente; carga de trabalho, ritmo de trabalho e gerenciamento do tempo; violência e assédio; equilíbrio da vida pessoal e da profissional; segurança no trabalho; gestão e liderança; comunicação, informação e treinamento; promoção da saúde e prevenção de comportamentos negativos; suporte social; suporte psicológico.
Através de software, pode-se identificar aqueles que estão potencialmente ameaçados, conscientizar gestores e trabalhadores dos riscos psicossociais e dos sinais de alerta precoce, estabelecer as prioridades, determinar os riscos que suscitam maior preocupação e requerem atenção prioritária e, por fim, estabelecer um plano de medidas preventivas para evitar que ocorram riscos psicossociais.
A avaliação de risco psicológico, que é geralmente “invisível”, deve ser parte integrante de um bom plano de gestão de saúde e de segurança ocupacional. O objetivo do processo de avaliação de riscos é remover um perigo ou reduzir o seu nível de risco pela adição de precauções ou medidas de controle efetivas.
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