Tombar é desenterrar


Por Tribuna

27/06/2017 às 07h00

Tombar não é enterrar. Pelo contrário, é desenterrar e fazer permanecer para sempre a memória do passado. É trazer para o presente tudo aquilo de nobre, de culto e educado que nossos antepassados construíram, para nosso presente cultural, com a certeza de que ficará para nosso futuro, futuro de nossos filhos e de todos que vierem morar em nossa Princesa da Mata.

 

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Que já foi Manchester Mineira, mas, hoje, com suas inúmeras universidades, faz jus, muito mais, ao cognome de Atenas Brasileira.

 

E por que escrevo tantos elogios – verdadeiros? E onde negros e mestiços também se irmanam com todas as raças, democraticamente?

 

Quando vim de Bicas para Juiz de Fora, em 1944, aos 10 anos de minha infância, já estava acostumado a idas e vindas, para compras no Centro, na Halfeld e na Marechal, onde tradicionais comerciantes, sírios, libaneses, portugueses, italianos, judeus e alemães, dominavam o comércio.

 

Sem esquecer que já havia a Casa de Itália, ainda de pé, que foi tomada e depois devolvida aos italianos e hoje é belo monumento vivo da Itália em nossa cidade.

 

E o tradicional Bairro Borboleta, onde, até hoje, realizam uma festa anual, com lembranças culturais e gastronômicas da terra de Paulo Horn – a Alemanha – proprietário de tradicional casa de doces na Rua Halfeld – nome do alemão fundador de JF. E com Paulo eu treinava a língua germânica, que aprendia com o padre Romeu Molina, da Catedral, cujo pai era aviador alemão da Força Aérea Germânica, morto na Segunda Grande Guerra.

 

Lembro-me de dona Marion Moss de Lima, inglesa, e sua filha Baby, com as quais desenvolvia meu inglês aprendido com elas na Cultura Inglesa, no primeiro andar da Galeria Pio X. E havia os papos com o professor Jean Marie des Champs, na Cultura Francesa do tradicional Edifício Sulacap.

 

Mas o que vemos hoje? Tombamentos por todos os lados, contudo sem respeito a tudo aquilo que os prédios tombados representavam em suas épocas. E deveriam continuar representando para a Juiz de Fora do presente e do futuro.

 

Vejam só:
1) Museu Mariano Procópio, com seu lindo parque, belos cisnes, verdes árvores, trilhas de caminhada… E o mais importante: seus belos prédios, plenos de obras de arte, sem uma programação cultural, turística e econômica, que os abra para toda a Minas, para todo o Brasil, e, por que não, para todo o mundo.

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2) Os variados esportes, nos belos espaços ainda existentes, como os campos do Sport, do Tupynambás e do Tupi, à espera de dedicados esportistas, como no passado, que mostrem nosso passado futebolístico ao resto do país. Dirigentes do passado e que estimulem os atuais dirigentes para que sigam no presente seus exemplos no passado.

3) E o belo palacete da família Tristão, esquecido e perdido nas matas verdes que cercam o Cemitério Parque da Saudade?

4) E o Parque da Lajinha? Ainda precisa de muita coisa básica e cultural.

5) E o Morro do Cristo? Tem que ser totalmente revisto, pois merece e tem direito.

6) E a estrada moderna e funcional para o Aeroporto Itamar Franco? Ele está observando lá de cima…

7) E o Palacete dos Fellet? Que abandono…

8) E a tradicional União e Indústria? Será que está perdida no mato? E a remoção dos trilhos ferroviários do Centro da cidade?

9) E as lindas e variadas casas…Tombadas, mas abandonadas.

10) E o resto… São tantas coisas erradas que esqueci… E deixando para vocês lembrarem e, também, cobrarem.

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