Você utiliza medicamentos corretamente?

É importante que a população saiba que o farmacêutico está preparado para orientar sobre medidas farmacológicas e não farmacológicas (…)


Por Álvaro Paulo Souza, Docente da Estácio e mestre em Ciências Biológicas

26/05/2022 às 07h00

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o paciente faz uso racional e correto de medicamentos quando estes são recebidos para suas condições clínicas em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo para si e para a comunidade. Eles devem ser prescritos por profissional habilitado, incluindo o farmacêutico, conforme permitido pela legislação.

No último relatório publicado pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), ficou evidenciado que, em 2017, aproximadamente 25% dos casos de intoxicação foram provocados por medicamentos, sendo mais prevalente em crianças de 1 a 4 anos. Essas intoxicações por vezes podem ser fatais, sendo que, de acordo com o relatório, nesse período, houve o registro de mais de 50 óbitos provocados por intoxicação por medicamentos.

PUBLICIDADE

O uso irracional ou inadequado de remédios é um grave problema que atravessa fronteiras, deixando várias nações em estado de alerta. A OMS estima que mais da metade de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos de forma inadequada, e que aproximadamente 50% de todos os pacientes não os utilizam corretamente.

Quem comete esse erro, na maioria das vezes: utiliza cinco ou mais medicamentos por paciente (“polifarmácia”), usa antimicrobianos inadequadamente, muitas vezes em dosagem inadequada e para infecções não bacterianas. Além da falta de prescrição de acordo com as diretrizes clínicas, não aderência aos regimes de dosagem, o consumo inadequado de classes farmacológicas, uso concomitante de vários fármacos sem critérios técnicos e múltiplas prescrições por falta de informações passadas ao prescritor.

Apesar de o farmacêutico ser visto como conselheiro em relação aos cuidados de saúde, sendo o último profissional que a maioria dos pacientes terá contato antes do início do uso de sua medicação, além de ser uma figura importante na dispensação de fármacos ao paciente, essa atividade tem sido impactada por intensas mudanças atualmente. Especialmente no que tange ao fácil acesso a informações via internet, redes sociais, blogs, amigos e vizinhos que indicam e orientam uso de remédios de forma indiscriminada.

É importante que a população saiba que o farmacêutico está preparado para orientar sobre medidas farmacológicas e não farmacológicas que podem auxiliar na cura ou melhor prognóstico de doenças.

Além disso, o farmacêutico orienta sobre a busca de cuidados médicos e/ou cirurgião-dentista (odontólogo), sobre os cuidados ao adquirir, utilizar, armazenar e fazer o descarte de forma correta dos medicamentos vencidos ou que não estão sendo utilizados, além de outras informações para melhorar ainda mais a qualidade de vida do paciente. Dúvidas sobre o uso e descarte correto daquele xarope, comprido e pomadas que já passaram da validade? Fale sempre com o farmacêutico!

O conteúdo continua após o anúncio

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.