Pandemia e educação


Por Sérgio Soares, Professor, ex-secretário de Educação de Simão Pereira e presidente do CACS-Fundeb de Simão Pereira

26/01/2022 às 07h00

Às vésperas do início de um novo ano letivo nas redes de ensino, nos vemos às voltas, mais uma vez, com a discussão sobre as perdas (ou os ganhos?) que a pandemia de Covid-19 deixou como legado para a educação, como se não tivesse existido uma história anterior ao mês de março de 2020, ou, ainda, como se antes desse vírus a educação brasileira fosse um case de sucesso, como nas escolas finlandesas. Nem tanto, nem tampouco.

Brotam agora fórmulas mágicas, receitas de bolo, como se reforço escolar no contraturno, por exemplo, fosse a solução para a correção dos “déficits” de aprendizagem da “Geração Covid” (para alguns já perdida). Mas tudo feito de maneira empírica, já que não existe um documento técnico tabulado, com base metodológica, que apresente um diagnóstico do que foi feito durante esses dois anos de aprendizagem remota na educação básica no país (ou mesmo no Estado, sequer no município) e gere um prognóstico quanto à correção das falhas e à melhora dos indicadores educacionais (e, que fique claro, não é “Avaliação Diagnóstica”, como o próprio MEC propõe através de uma plataforma).

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Ao que me parece, não se quer enfrentar o real problema da educação básica, que, entra governo, sai governo, não se resolve. Até se tentou através da LDB, e com a Base Nacional Comum Curricular, mudar o rumo dessa prosa, mas, como base não é currículo, nem tampouco surte efeito se não houver mudanças estruturais nas redes, tanto no que diz respeito às metodologias de ensino quanto ao processo de avaliação da aprendizagem e ao próprio modelo de planejamento pedagógico, pouco se avançou.

E agora estamos às voltas com um novo ciclo que se inicia, com as mesmas perguntas, ainda sem resposta. O tal protagonismo do aluno, a mediação do professor, as ferramentas inovadoras educacionais (que não é “tecnologismo”), tão falados durante os dias de aulas virtuais, ao que parece, ficaram no retrovisor da memória, guardados como um efeito colateral da doença. Bom será se tudo puder voltar a ser como “d’antes no Castelo de Abrantes” nas nossas escolas, mas… e se não puder ser assim? E se não pudermos voltar para o presencial? O que a educação aprendeu durante esses dias de Covid-19?

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