Empoderar é lutar


Por Tribuna

24/09/2017 às 06h27

Por Isabella Luiza Silva, estudante de Jornalismo da Estácio /JF

Empoderar significa dar poder. Quando falamos de empoderamento feminino, estamos nos referindo ao ato de conceder a mulher o reconhecimento de seus direitos e de reforçar sua importância na sociedade.

Uma pesquisa realizada pela Organização Não Governamental Think Olga revelou que 99,6% das 7.762 mulheres entrevistadas já foram vítimas de assédio em algum momento de suas vidas. Podendo escolher mais de uma opção, 98% das participantes afirmaram que já receberam cantadas na rua, e 64%, no transporte público. A pesquisa revelou ainda que 90% delas já trocaram de roupa ao ir em algum lugar por medo de ser assediada. Os números são alarmantes e dão ideia sobre a importância do empoderamento.

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O empoderamento feminino é ainda mais marcante, porque é uma forma de unir as mulheres. Empoderar é enfraquecer a ideia de que são rivais e de que estão concorrendo pela atenção masculina. É a dissolução do pensamento machista, que muitas vezes é reproduzido pelas próprias vítimas.

Ações que dão visibilidade ao movimento são de extrema importância para a causa e reforçam a discussão perante o tema. Um exemplo que merece ser citado é o da fotógrafa Laura Rosa Gomes, que recentemente expôs seu trabalho denominado “Corpos de Minas”, no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, no qual fotografa mulheres nuas com frases pintadas sobre seus corpos que reforçam o arbítrio e a autoridade feminina e remetem a sentimentos ligados à vida das participantes. Todas as mulheres retratadas são voluntárias. São mulheres comuns, negras, brancas, jovens, idosas… A diversidade presente em suas fotografias reforça a ideia de que o empoderamento feminino deve ser para todas, e que quando é seletivo perde seu caráter de legitimidade e luta.

Da nudez presente no trabalho de Laura também podemos tirar conclusões interessantes. A nudez que a fotógrafa apresenta é contrária a que é apresentada pela publicidade. Em sua obra, o corpo feminino deixa de ser representado como objeto sexual para dar ênfase ao poder da mulher sobre seu próprio corpo e sobre suas próprias escolhas referentes a ele. É a nudez como sinônimo de enfrentamento e liberdade.

Além de enfatizar a relevância de ações como essa, é necessário lembrar que o ato de empoderar deve ser realizado todos os dias, e que condutas que o promovam devem estar presentes no nosso cotidiano. O empoderamento feminino já se provou necessário e, para ser colocado em prática, depende de todos nós.

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