Gestão clínica e valores cooperativistas


Por Hugo Borges, presidente da Unimed Juiz de Fora

23/05/2018 às 06h30

A gestão clínica e do corpo clínico de um hospital visa ao alinhamento de todos os profissionais de saúde, em especial médicos e equipes de enfermagem, na busca dos objetivos administrativos, estratégicos e assistenciais da organização, que garantam a entrega de valor para os pacientes, sustentabilidade econômico-financeira e melhores condições de exercício profissional com remuneração digna.

Como parte integrante das boas práticas de governança corporativa, hospitais reconhecidamente de excelência, independentemente das acreditações por eles alcançadas, tratam com absoluta prioridade os processos de governança técnica de seu corpo clínico, entendido como um time multidisciplinar de alta performance. Esse grupo cuidador precisa ser recrutado entre gente que ama o que faz, exerce o que sabe fazer melhor, tem comprometimento e propósitos claros, entrelaçando paixão, missão, vocação e profissão.
Mais importante até do que estrutura física e tecnologias – investimentos imprescindíveis -, a gestão clínica e do corpo clínico está na ordem do dia em todo o mundo, contribuindo para The Quadruple AIM, isto é, para o alcance dos quatro objetivos da saúde segundo o Institute for Healthcare Improvement (IHI): melhores resultados no tratamento, mais saúde para a população, mínimo sofrimento do paciente durante o cuidado, maior satisfação do médico com seu trabalho e excelência na relação custo-efetividade.

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Hospitais modernos demandam uma direção técnica competente, especializada, com grande bagagem profissional e que assuma integralmente responsabilidades assistenciais junto aos órgãos reguladores. Um profissional full time, que compartilhe com a gerência de enfermagem a estruturação dos diversos serviços hospitalares, a fim de alcançar os quatro objetivos da saúde, com total segurança para os pacientes.
Estamos falando, também, de gerenciamento científico, baseado em dados estatísticos confiáveis e indicadores de desempenho, e que permita o acompanhamento diário da assistência hospitalar. Resultado? Melhores modelos de gestão clínica, diretamente proporcionais aos investimentos para aquisição de ferramentas de medição e ao desenvolvimento de lideranças.

Cabe à alta direção de uma organização de saúde instituir a humanização do cuidado, o que não pode se tornar mero clichê, ou apelo de marketing, mas sim um firme propósito de ouvir o outro, com empatia, unindo comportamento ético e conhecimento técnico. Essa é a verdadeira humanização dos serviços que, como Leonardo Boff conceitua, “é mais que um ato, é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro”. Mais do que em qualquer outra instituição de saúde, uma cooperativa de trabalho médico – enquanto associação de pessoas, de natureza jurídica sem fins lucrativos, constituída por profissionais de excelência – tem que, necessariamente, oferecer a melhor assistência médico-hospitalar possível. Atenção integral e humanizada, pressupostos fundamentais subliminarmente descritos, há quase dois séculos, nos valores do cooperativismo: democracia, equidade, responsabilidade, igualdade, ajuda mútua e solidariedade.

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