Estatuto do idoso: Governo e sociedade podem fazer mais

“Que as famílias sejam mais gratas aos seus antecessores, que exista mais humanidade nas relações interpessoais com os mais velhos e que a experiência de décadas seja utilizada para uma ‘nova geração de valor’”


Por Daniel Costa, diretor de expansão da franquia Cuidare Brasil, rede de cuidadores de pessoas

23/03/2021 às 07h00

No Brasil, o idoso passou a ter seus direitos garantidos por lei há apenas 17 anos, quando foi sancionada a Lei Federal nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 e instituído o Estatuto do Idoso. Nele, são estabelecidos os direitos das pessoas com 60 anos ou mais e são previstas punições a quem os violarem, dando à terceira idade garantias legais de segurança e qualidade de vida.

A lei prevê, inclusive, que os filhos maiores de 18 anos são responsáveis pelo bem-estar e pela saúde dos pais idosos.

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Após a sanção da lei, algumas edições foram feitas, sendo a de 2017 uma delas. O aditivo feito na mesma lei garantiu que, entre os idosos, é assegurada prioridade aos maiores de 80 anos, atendendo-se suas necessidades sempre preferencialmente em relação aos demais idosos.

Apesar da lei, uma grande parcela da população idosa ainda não tem o que comemorar. A falta de acesso a cuidados e a serviços de saúde, apoio social, moradia, recursos financeiros, equipamentos comunitários, associada à ineficiência política, entre outros, ainda assola a terceira idade no Brasil.

Como se não bastasse, a violência é mais uma das mazelas nessa lista. A cada dez minutos, um idoso sofre algum tipo de violência no país. É a segunda parcela da população mais vulnerável à violência, atrás apenas das crianças e dos adolescentes. As denúncias de violações contra esse grupo representam 30% do total recebido pelo Disque 100 em 2019 e, em 2020, com a pandemia do novo coronavírus, chegou a aumentar 400%.

A violação contra pessoas idosas que concentra o maior volume é a negligência, com 38 mil registros, quase 80% do total, seguida de violência psicológica (24%), abuso financeiro (20%), violência física (12%) e violência institucional (2%).

Na maioria dos casos, a violência contra a pessoa idosa é praticada por alguém da família, como filhos, netos, genros ou noras e sobrinhos. Esses parentes aparecem em 83% dos casos.

Como podemos observar, os nossos idosos ainda precisam de que seus direitos sejam respeitados. A lei deve prevalecer não apenas no papel, mas efetivamente na realidade. Governo e sociedade podem e devem fazer mais por aqueles que dedicaram uma vida toda à nossa nação. Respeito, dignidade, cidadania são direitos, e não privilégios.

Como fazer mais? Começando por mais representatividade e vontade políticas, investimentos em equipamentos públicos que possam oferecer mais assistência, parcerias entre setores públicos e privados para garantir mais acesso a remédios e serviços de saúde, programas de inclusão do idoso nas atividades comunitárias, agilidade nos atendimentos do INSS, nos processos de aposentadorias e solicitações de benefícios, entre outros.

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Empatia, solidariedade também nunca são demais. Que as famílias sejam mais gratas aos seus antecessores, que exista mais humanidade nas relações interpessoais com os mais velhos e que a experiência de décadas seja utilizada para uma “nova geração de valor”.

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