Sobre a última enchente no Industrial


Por Vanderlei Tomaz, colaborador

23/02/2022 às 07h00

Não foi a primeira vez. Desejamos que tenha sido a última. Ao longo de todos os verões, o mesmo drama se verifica ali. E, a cada nova Administração municipal, a mesma expectativa de solução aparece. O Bairro Industrial sonha passar por um verão inteiro sem ver o Rio Paraibuna lambendo suas ruas, invadindo jardins e quintais e ocupando lugar nos cômodos da casa.
Não tenho dúvida em afirmar que a grande contribuição para a enchente ocorrida no Bairro Industrial, em janeiro de 2022, veio da Represa Doutor João Penido. Prova disso foi o que aconteceu em anos anteriores.

Nas enchentes ocorridas em anos passados, quando o Rio Paraibuna tocava a “Ponte Vermelha”, em Santa Terezinha, e fazia o Córrego Humaitá transbordar no Bairro Industrial, cobrindo de água a Avenida Lúcio Bitencourt e algumas ruas transversais, além de parte do Acesso Norte, nessa mesma hora pelo menos quatro ruas do Bairro Araújo também apresentavam um princípio de inundação. E mais: o Paraibuna também já teria transbordado em trecho do Acesso Norte no Bairro Araújo.

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Neste ano não aconteceu. Nenhuma rua do Bairro Araújo recebeu as águas do Rio Paraibuna. A enchente começou mesmo foi nos fundos do 4º GAC. Ali onde deságua o Córrego dos Pintos, que vem da Represa Doutor João Penido e é afluente do Rio Paraibuna.

Quando a represa atingiu um determinado nível de segurança, as águas excedentes de sua capacidade de armazenamento foram liberadas para o córrego que passa pelo Jardim L’Ermitage e Remonta. O mesmo córrego que foi represado no início dos anos 1930, dando origem ao manancial.
Essa contribuição repentina ao chegar ao Paraibuna não retorna à região do Araújo, mas segue em direção ao Centro a partir de Barbosa Lage. O procedimento de liberação da água se faz necessário, pois dá segurança à estabilidade da barragem.

Mas, salvo melhor juízo técnico, acho que essa prática poderia ser antecipada. Sabendo que teremos fortes chuvas na estação, antes que o Rio Paraibuna esteja cheio, um percentual de água poderia ser liberado antecipadamente. Até porque o volume despejado nessa operação preventiva será recuperado com a chuva por vir. Penso que a Cesama poderia estudar esse novo método de controle do manancial. Com isso, evitaria a descarga repentina da Represa Doutor João Penido para o Rio Paraibuna num momento em que sua calha já estivesse muito cheia. Impediria, assim, uma das causas de inundação no Bairro Industrial.

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