Quando nosso carnaval voltará?


Por Marcos José Ortolani Louzada, servidor público, economista da UFJF e mestre em serviço social

22/02/2018 às 07h00

Em 2000, o “Jornal do Brasil” organizou um debate com os maiores blocos do Rio de Janeiro, para discutir a necessidade de se buscarem, em conjunto, soluções que viabilizassem a infraestrutura e a segurança dos desfiles que começavam a crescer demais. Deste debate surgiu a ideia da formação da Sebastiana, a Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, de Santa Teresa e do Centro da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. A associação tornou essa luta mais ampla, resgatando as tradições do carnaval de rua do Rio de Janeiro, como: a liberdade de expressão, a democracia para todos os foliões, a pluralidade e a valorização da cultura popular.

Assim, criaram-se regras como a proibição da venda de abadás para participar dos blocos, democratizando o acesso, além de determinarem onde cada bloco desfilaria, vinculando o bloco a um local/comunidade. O resultado foi tão fantástico que hoje os blocos atraem mais de seis milhões de pessoas para o carnaval de rua.

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Outras cidades como Belo Horizonte e São Paulo pegaram carona nessa iniciativa de incentivo aos blocos e neste ano viram seu carnaval ressurgir de forma inimaginável, atraindo igualmente milhões de pessoas. Diante disso, é inevitável a pergunta: por que não fazer o mesmo aqui em Juiz de Fora?
Com uma boa política de incentivo aos blocos, podemos ter em Juiz de Fora um dos melhores carnavais de rua de Minas Gerais. O exemplo da Sebastiana serve como uma referência organizativa para nossos blocos, pois é preciso pensar em como se desenvolver valorizando o bem-estar dos foliões e mantendo nossas tradições.

Ao Poder Público, sugiro um pouco mais de ambição e atenção ao nosso carnaval, pois não se trata apenas de uma festa, mas da maior manifestação cultural do nosso povo. Juiz de Fora merece mais. Por último, mas não menos importante, o desfile das escolas de samba era o único evento marcante do nosso carnaval. A não realização do evento competitivo deixou lacuna triste em nossa história. Mas isso é papo para outro artigo…

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