Perdas
“Acontece, atento leitor, que nossas perdas estão relacionadas por questões políticas, pois tudo é política”
A pandemia nos trouxe o sentimento coletivo da perda pela morte de pessoas próximas, ou mesmo aquelas distantes, mas com quem, por afinidades, tínhamos proximidade. No Brasil nós já tínhamos naturalizado outras mortes quantitativamente significativas, no trânsito das cidades e/ou nas rodovias. Também já tínhamos normalizado as dezenas de milhares de homicídios por ano resultantes de uma violência epidêmica que nos contagia há anos.
Alguém cunhou uma frase muito repetida pelas redes sociais: “O Brasil não é para amadores”. Essa frase está geralmente associada às situações inusitadas envolvendo aquele personagem brasileiro do cotidiano capaz de demonstrar sua esperteza. Considerando essa frase como um postulado, ela melhor se aplica ao político, com mandato conferido pelo eleitorado, que votou ou por aquele que se omitiu no dia da eleição, quer seja pelo não comparecimento, quer seja pela abstenção do voto em branco (que é legítimo) ou por anular o voto.
Acontece, atento leitor, que nossas perdas estão relacionadas por questões políticas, pois tudo é política. As decisões, as omissões e os danos da maioria dos políticos profissionais escrevem nossa história. As medidas governamentais podem demonstrar as frágeis políticas públicas na prevenção aos acidentes de trânsito e do trabalho, na contenção da violência com mais inteligência e menos extermínios, na saúde preventiva que depende do saneamento básico até a produção das vacinas e no equilíbrio fiscal justo.
O ano de 2021 caminha para seu epílogo. Contabilizamos nossas perdas pela pandemia. Respiramos aliviados e agradecemos a Deus pela vida. Entretanto outras perdas devem ser registradas, que são os sequelados pela Covid-19, incapacitados parcial ou totalmente para atividades laborais, assim como os acidentados no trânsito, precisando de reabilitação profissional. E não podemos esquecer-nos dos enlutados pelas mortes decorrentes da violência nossa de cada dia.
Realmente, prezado leitor, o nosso país não é para amadores. Precisamos nos profissionalizar através de um autodidatismo (pois a educação também degenerou) capaz de enxergarmos o nosso país em sua totalidade e buscarmos nossa superação como povo fazendo a renovação dos personagens políticos no pleito de 2022.
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