Setembro Amarelo: rede de apoio


Por Tamara Mendonça, docente em psicologia da Estácio

21/09/2022 às 07h00

O Brasil é um dos países com a maior taxa de suicídio do mundo, segundo uma pesquisa produzida pelo DATASUS. Os dados são de julho deste ano e indicam que o número de casos de suicídio no Brasil subiu de sete mil para 14 mil nos últimos 20 anos, o que significa que há mais de um suicídio cometido a cada hora, sem contar casos não notificados. Nesse sentido, é importante que haja uma conscientização da população e uma intervenção por meio das políticas públicas para compreender e mudar esse cenário. A campanha do Setembro Amarelo é uma ação organizada por diferentes entidades da área da saúde para o combate ao suicídio. A campanha tem por enfoque trazer o tema à tona para discussão, uma vez que por muitas vezes é abordado como um tabu, para que sejam pensadas formas de prevenção.

Não tem como prever quem cometerá suicídio, mas é possível avaliar alguns riscos individuais. O principal fator de alerta está relacionado à verbalização da ideação suicida. Outros possíveis fatores de alerta podem estar relacionados a um isolamento persistente dos meios sociais, ausência de perspectiva de vida ou de desejo de maneira generalizada (inclusive para a execução de atividades cotidianas que antes não se mostravam tão penosas). De toda forma, é necessário analisar caso a caso.

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É importante verificar se a pessoa possui acesso a uma rede de apoio socioafetiva; a lazer; a condições de trabalho, renda e sobrevivência dignas; ao acesso à saúde e condições de sono e descanso de qualidade. Para além disso, a construção de uma rede de cuidado é extremamente relevante no sentido de proporcionar um cuidado integral ao sujeito. Posto que, sendo o suicídio um processo multifatorial, este requer, portanto, ações integradas, mas que partam de diversas vias, desde que sempre pautadas pelo acolhimento. As principais vias de ação e prevenção são o acolhimento, o acionamento da rede de apoio e a viabilização do acesso à informação. Por isso, é importante que aqueles que compõem a rede de apoio do indivíduo e se disponham a estar com ele compreendam que seu papel é diferente de um acompanhamento profissional. Ambos são relevantes ao processo de acolhimento, mas diferentes.

Por essa razão, é importante garantir que, além de uma rede de cuidado, o indivíduo tenha acesso a uma escuta e tratamento conduzidos por profissionais capacitados. Além disso, é fundamental mobilizar a rede de apoio mais próxima e de confiança do indivíduo, para que esse suporte venha de múltiplas direções.

Por fim, é fundamental que o Setembro Amarelo não seja tratado como uma campanha pontual e puramente mercadológica, como se vê em algumas estratégias empresariais e publicitárias. Mas que seja uma constante, um compromisso tanto da população e dos governos em relação ao cuidado à saúde mental – uma vez que os índices podem ser atenuados, entre outros fatores, pela implementação de políticas públicas e ações coletivas.

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