Depressão


Por Gilsara Mattos, autora de livros e roteiros para cinema. Palestrante e publicitária

21/03/2023 às 07h00

Escrevi uma pequena análise do motivo da frieza atual. Ela será mesmo gerada só pela velocidade trazida pela internet? Ou pela grande competitividade causada pelo aumento da população?

Talvez você não saiba, mas houve um absurdo aumento nas vendas de antidepressivos e de estimulantes. E ao contrário do que possa parecer a quem pensa somente em lucros financeiros, os efeitos do crescimento desta indústria na sociedade são terríveis. Por esse motivo escrevi esta opinião, para que possamos construir uma solução para isso, e o quanto antes, pois com certeza você também está notando o desconforto social dos últimos tempos. Portanto, depois de conseguir parar por cinco minutos para ler estas palavras, compartilhe-as, porque vivemos todos na mesma sociedade, no mesmo planeta, no mesmo barco, e como os atos de uns influenciam outros e vice-versa, se continuar nessa toada, carros blindados, cercas elétricas, alarmes e outras formas de buscar segurança não serão suficientes.

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Sabe, o fato é que antes da internet, este amplo meio de comunicação, as pessoas se comunicavam muito mais e verdadeiramente. E por quê? Porque precisavam. Agora, com tanta informação circulando, milhares aprenderam a ficar só espiando, só recebendo, e assim, se acomodaram em ficar caladas. Esse ato contribuiu estruturalmente para a frieza, essa angustiante indiferença entre as pessoas. Ao se acostumarem só a receber, essas pessoas, que são a grande maioria, pararam de doar!

Você pode ver no YouTube, por exemplo, que o número de curtidas em um vídeo não chega a 1% de suas visualizações, e os comentários são ainda em menor número! As pessoas descobriram o conforto de receber sem precisar fazer nada por isso, nem mesmo agradecer. Por isso hoje é tão comum descartar pessoas como se fossem objetos, tornando-se também comum, derivativamente, bloqueá-las e facilmente excluí-las por motivos tão egoístas. E principalmente, uma atitude que se tornou comum, “visualizar e não responder”.

A cada dia mais, os sentimentos dos outros estão sendo desvalorizados, banalizados, ignorados. Antes havia a famosa “cerimônia”, ou seja, você pensava muito antes de falar, para falar de um jeito que não magoasse o outro. Mas falava. Mas hoje, estamos na era da exaltação do próprio ego, e, com isso, o outro não importa mais, e cada dia menos. Com o aumento da população, até mesmo as empresas estão subestimando os clientes, por acreditarem que no lugar de um insatisfeito, aparecerão mil satisfeitos.

Todo esse jeito de agir parece confortável por ser muito prático e fácil, mas não é. E não é porque esse sentimento de praticidade gera o desvalor humano, tanto do outro quanto de si mesmo, pois você também é humano. Logo, se mediocrizar o outro ser humano, vai também estar se automediocrizando, já que somos semelhantes.

E uma das consequências de desvalorizar o outro é a desqualificação de seus atos em tudo o que você fizer, e oferecer, como produtos e serviços, já que o outro, que é quem recebe seu produto e serviço, perdeu o valor pra você. Isso explica a quase nula qualidade dos produtos e serviços que estão sendo oferecidos hoje em dia, não importa o segmento. E além de tudo isso, ainda há o aparentemente prático e confortável “não precisar interagir”, que causa o sentimento de solidão. E isso é o que leva à depressão, que não havia antes da internet.

Por esse motivo, meus amigos, é preciso interagir, simplesmente porque apesar de estarmos ficando cercados pela inteligência artificial, ainda somos humanos, ou seja, somos superiores, e só máquinas e eletrônicos não nos bastam. Precisamos de muito mais do que máquinas, precisamos do que só outros seres humanos podem nos oferecer, e acima de tudo, de Deus.

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Mas não se assuste, porque tem jeito. Se quisermos mesmo descontruir a frieza atual, basta começar a praticar a regra de ouro que nos foi ensinada pelo nosso Criador, que nos entregou um Manual de Instruções chamado “Bíblia”. Amar a Deus em primeiro lugar, e o próximo como a si mesmo.
Se não praticarmos a piedade, o olhar nos olhos, o conversar e o se importar com o outro, talvez assistir o Titanic te dê uma pequena ideia do futuro que espera a humanidade. Humanidade da qual você também faz parte, e que por isso, tem total responsabilidade de fazer a sua parte para mudar. Mudar você mesmo.

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