Voto é interesse. Não é direito, nem dever…


Por Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

20/09/2020 às 07h00

A partir de quarta-feira (16), os mais de 5.600 municípios brasileiros já conhecem os homens e as mulheres que pretendem governá-los ou ser vereadores entre 01/01/2021 e 31/12/2025. Terminou o prazo para os partidos apresentarem seus candidatos. No dia 27, os postulantes já poderão fazer propaganda por internet, comitês e no corpo a corpo, respeitadas as limitações impostas pelo combate à Covid-19. E, a partir do dia 9 de outubro, estará no ar a propaganda gratuita no rádio e na televisão. Por esses meios, seremos informados sobre quem pede nosso voto.

Por conta das mazelas descobertas no seio dos governos e do mundo legislativo – muitas delas transformadas em processo, condenações e até cadeia para os agentes públicos -, o cidadão comum desenvolveu uma certa aversão aos políticos. Isso é ruim, porque a eleição é o único dia, a cada quatro anos, em que o cidadão pode interferir nos destinos do seu município, do seu estado e do país. E o faz votando naqueles que lhes pareçam com melhores condições e propostas para o exercício da função pública. Quem abre mão disso está renunciando ao seu direito de participar e fica moralmente impedido de criticar o que não der certo. Por isso, é importante participar.

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O desencanto com os políticos leva à discussão sobre o voto como direito ou obrigação. Na nossa modesta opinião, não é direito nem obrigação, embora a lei eleitoral brasileira penalize com multa quem não comparece às urnas. Numa análise mais firme, o voto é o interesse do cidadão. É através dele que conduzimos os candidatos de nossa preferência para governar e legislar. Quem não vota fica à margem do processo e, teoricamente, tem que aceitar o escolhido pelos outros (que votaram). Se sentir-se de alguma forma decepcionado com o candidato escolhido, o eleitor tem a alternativa de, na próxima eleição, não votar mais nele nem em quem ele aconselhar.

No dia em que o eleitor acabar com a inculta posição de odiar os políticos e por isso não participar do processo eleitoral, a tendência é que tudo melhore. Os políticos deixarão os maus costumes na certeza de que, se continuarem errantes, serão colocados fora nas próximas eleições, e o próprio eleitorado ficará mais satisfeito. O eleitor também deve se precaver com as aves de rapina da política, indivíduos que já foram cassados, estão inelegíveis, mas fazem campanhas para outros que, por analogia, podem ser tão corruptos como eles próprios, mas ainda não tiveram o mau costume identificado. No meio político, costuma-se dizer que quem não gosta de política tem que se conformar com a ideia de ser governado pelos eleitos por quem gosta (de política).

Apesar das decepções vividas, é bom lembrar que os maus políticos só prosperam porque o eleitor não presta atenção às suas atividades. Este país só será próspero e justo no dia em que todo cidadão, além de cumprir o que as leis e os códigos lhes impõem, manter-se atento ao que fazem os políticos e, com isso, exercer o direito de cobrança aos malfeitos, mesmo que isso seja possível no dia das eleições. Por isso é que consideramos que o voto não é obrigação nem direito, mas real interesse de todo cidadão, de sua família e da comunidade…

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