A esquerda é uma comédia

Por Carlos Maurício de Moraes Ramos Perez, colaborador


Por Tribuna

19/09/2017 às 07h00

“Numa sociedade fechada, o poder não se arregra apenas o privilégio de controlar as ações dos homens, o que fazem e o que dizem: aspira também governar suas fantasias, seus sonhos e, evidentemente, suas memórias.” Mario Vargas Llosa. Para a esquerda, o impeachment colorido do Collor valeu, mas o impeachment da presidenta foi golpe! Se a esquerda prega fuzilar a burguesia, é revolução. Já se a direita diz que tem que aplicar as leis aos ditos revolucionários, é ditadura e apologia à tortura. Se a esquerda pergunta onde estão as mulheres de grelo duro, é empoderamento. Mas se o burguês defende os costumes e o respeito para com elas, é machismo patriarcal.

Se a esquerda relativiza uma religião que submete a mulher a usar burca, ser obediente, satisfazer sempre o marido sexualmente e ocasionalmente ser espancada, é multiculturalismo. Se a direita liberal prefere uma cultura onde a mulher possa vestir biquíni, usar roupas sensuais, dirigir, trabalhar fora e conquistar a autonomia sobre a sua própria vida (inclusive sexual), é islamofobia xenofóbica preconceituosa.

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Se a esquerda defende uma nação inventada por antissemitas, amigos de Adolf Hitler, apenas para tomar terras de judeus, que estavam ali assentados por cinco mil anos, é auto-organização dos povos. Se a direita liberal defende Israel, é opressão e nazismo.
Se a esquerda defende o estuprador, é porque o crime tem causas muito complexas que não podem ser reduzidas a uma mera discussão nas mídias sociais. Mas se a direita golpista quer penas pesadas para o estuprador, é apologia ao estupro.

Se o ícone operário da esquerda moderna do Brasil, em entrevista à Playboy, em 1979, cita que quem mais admira, além de Lênin e Mao, é Adolf Hitler, é democracia e direitos humanos. Mas se os burgueses têm como ídolos Churchill e Reagan, é nazismo e fascismo (risos). Se a esquerda diz que tem saudade dos fuzilamentos stalinistas, é piadinha e humor saudável. Mas se a direita defende a liberdade de expressão inclusive para aqueles de quem discordam, é discurso de ódio.

Se a esquerda defende que gays têm que votar na esquerda, é respeito à pluralidade e defesa das minorias. Se o Ney Matogrosso diz que o PT tinha um projeto de poder e a corrupção foi um meio para arrecadar fundos, ele é uma “bicha velha esclerosada” (sic).
Para a esquerda, para o PT e para o Lula, quando o Palocci ainda em cana se mantinha em silêncio, ele era um homem honrado, inteligente e sagaz. Depois que o pobre coitado do petista resolveu abrir o bico, passou a ser um homem frio, calculista e mentiroso.

Esta é lógica da esquerda, a de não ter coerência e de se apropriar de tudo o que lhe interessa. Vejo com desconfiança as pessoas que acordam todo dia querendo destruir o sistema ou mudar o mundo. Este sentimento me chega à condição de que como elas se mostram: infelizes, insatisfeitas e ressentidas.

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