As veias abertas de Lula, de Dilma e do PT


Por Biel Rocha - sociólogo

19/03/2017 às 07h00- Atualizada 20/03/2017 às 12h40

O golpe jurídico, midiático e parlamentar jogou no lixo 55 milhões de votos. Com a destituição do cargo de uma mulher honesta e legitimamente eleita, o país foi entregue a um ancião com comportamentos infantis, cercado de velhacos e adepto de práticas entreguistas de fazer corar o mais desavergonhado corsário. A perseguição a Lula, com “provas robustas” como um pedalinho de lago de museu ou um apartamento que “é seu sem nunca ter sido”, faz parte desta comédia política que transforma em tragédia a vida dos brasileiros e das brasileiras.

Lula, Dilma e o PT pagam pelos seus acertos, e não por possíveis erros. Aliás, fossem colocados em um confessionário, seus pecados seriam como jogar pedra em passarinho ou dizer nome feio na frente das visitas, diante do acúmulo de atrocidades dos facínoras que tomaram de assalto o poder e querem, na bacia das almas, vender o Brasil com o povo dentro.

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O desmonte do estado de       bem-estar social, que garantiu que milhões de famílias saíssem da miséria e pudessem ter o que comer três vezes ao dia; o fim da CLT, fazendo o Brasil retroceder 80 anos em termos de legislação trabalhista; e o desmanche da Previdência Pública, com a proposta de acabar com a idade mínima para aposentadoria, cortar o valor das pensões e instituir a obrigatoriedade de contribuições por 49 anos, são apenas instrumentos para que os de sempre voltem a ganhar bilhões à custa do trabalho do povo e das riquezas produzidas.

Lula, Dilma e o PT estão sangrando, dizem os vampiros com os dentes pingando sangue e o veneno escorrendo em babas. Só que as punhaladas atingem diretamente o coração do povo brasileiro, especialmente dos mais pobres, que puderam experimentar, além de não ouvirem mais o ronco de uma barriga vazia, o acesso a universidades, o intercâmbio em outros países, o médico de família, o passeio de avião e outros “luxos” antes reservados à Casa Grande e a seus asseclas.

São três os tipos de pessoas que se alimentam do ódio e da repulsa a Lula, a Dilma e ao PT: os fascistas, os muito ricos e os muito bobos. Aos fascistas, respondemos com democracia. Eles não sobrevivem às luzes. Aos muito ricos, a resposta é o voto; e, nas quatro últimas eleições presidenciais, a maioria decidiu por um mesmo caminho, ora interrompido por um golpe.

Aos muito bobos, seguem duas pequenas sugestões, na impossibilidade de desenhar neste espaço. Antes de tudo, procurem se informar. O somatório de asneiras, ditas e repetidas sem cessar, não cria uma única verdade. A pluralidade de fontes de informação e o exercício diário do senso crítico ajudam em muito ao bobo distinguir um poste de um picolé.

Em segundo lugar, é preciso ter ética. Quando se acusam Lula, Dilma e o PT de alguma coisa – com ou sem provas -, mas se fecham os olhos para os Cunhas, Azeredos, Aécios, Cabrais, Temers, Moreiras, Padilhas, Alckimins, Serras, etc., não se trata apenas de “dois pesos e duas medidas”, e sim da falta do exercício cotidiano do caráter. “O pau que dá em Chico dá em Francisco”, aprendam, ilustres candidatos a deixar de ser bobos.

As veias petistas estão realmente abertas. Sangrando por um país que reencontrará a plena democracia – o que pressupõe o respeito à soberania e ao voto popular. Um país onde o desenvolvimento não seja incompatível com a distribuição de renda. Um país que remunere bem seus trabalhadores e ampare seus aposentados e pensionistas. Um país onde a justiça não seja seletiva, onde o Parlamento represente o povo e o Poder Executivo não seja apenas o agente de interesses transnacionais.

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E, acima de tudo, um país onde seja dado o direito de os bobos opinarem, mas também que lhes seja dada a oportunidade de deixar de ser patos e otários.

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