Pesquisa anima Bolsonaro


Por Paulo César de Oliveira, jornalista e diretor-geral da revista Viver Brasil e do jornal TudoBH

18/08/2020 às 06h57

A última pesquisa do DataFolha mostra que o presidente Bolsonaro não tem sido afetado politicamente pela Covid-19, mesmo mantendo uma postura de descrédito quanto à gravidade da pandemia, que já considerou como uma “gripezinha” que afetaria poucas pessoas. Hoje, já contabilizamos 110 mil mortes e três milhões de infectados, números que a população não atribui ao presidente, como tentam fazer alguns de seus desafetos.

Esta constatação do DataFolha, que surpreendeu adversários e até aliados do presidente, tem explicações políticas. Bolsonaro vinha sendo seu maior inimigo com suas atitudes intempestivas, mas, acuado pelos fatos, buscou um maior distanciamento dos mais radicais, seguindo a velha lição das raposas mineiras de que não se governa com exaltados. Eles servem para ganhar eleições, não para governar. Mais distante dos radicais, buscou apoio no centrão e conselhos dos mais sensatos, entre eles o ex-presidente Temer, e também evitou embates mais ruidosos com os outros Poderes, o que, é preciso reconhecer, era um de seus passatempos favoritos.

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Mais calmo, mais comedido, embora sem abandonar inteiramente o confronto para não perder a marca, o presidente tem evitado o “cercadinho” do Alvorada, lugar de tantas declarações bombásticas e desastradas, influência de aduladores e apoiadores. A mudança de comportamento e a adoção de medidas de políticas públicas para amenizar as consequências das crises sanitária e econômica explicam esta reversão nas expectativas de aceitação do Governo Bolsonaro pela população, que, em sua maioria, já não contesta o fato de o Governo ter um ministro provisório na área de Saúde que nem médico é.

Sem os solavancos políticos e, é preciso reconhecer também, o trabalho de governadores, entre eles Joao Doria e Romeu Zema, e prefeitos no enfrentamento da pandemia, o país começa a encaminhar sua recuperação. A vida começa a ser flexibilizada, e importantes setores da economia já mostram sinais evidentes de recuperação. Algumas empresas vêm demonstrando uma surpreendente retomada de suas atividades, como é o caso da Usiminas, fato exaltado pelo seu presidente Sérgio Leite, em recente café da manhã de negócios.

Em praticamente todos os segmentos econômicos, mesmo no setor serviço, em que as pesquisas indicam um ritmo menor de recuperação, já é possível enxergar a “luz no fim do túnel”, trazendo a esperança de recuperação de, com certeza, milhares de empresas destroçadas pela pandemia. Isso nos dá a esperança de que o Brasil, mesmo na péssima situação em que se encontra, pode voltar ao seu rumo.

No Governo federal, o então todo-poderoso Paulo Guedes bate de frente com alguns outros ministros e pode deixar o barco. Contudo não será a sua queda, que parece cada dia mais certa, que levará o país a uma situação de ingovernabilidade. O Brasil é muito maior que as pessoas. E isso sei desde que comecei a acompanhar a vida política e econômica deste país.

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