Covid-19 e meio ambiente

“Podemos afirmar então que o surto da Covid-19 é reflexo da degradação ambiental promovida há séculos no nosso planeta”


Por Natália Aragão de Figueiredo, Professora de Geografia

18/02/2021 às 07h02

A pandemia da Covid-19 é a pior crise da história contemporânea e vem provocando uma emergência mundial para tentar conter a disseminação do vírus e também os efeitos colaterais socioeconômicos. Essa pandemia demonstrou ainda mais a vulnerabilidade social e ambiental em que estamos inseridos.

O enfrentamento da pandemia evidenciou a exclusão e a vulnerabilidade social em que vários grupos da sociedade estão inseridos. A Covid-19 demonstra a fragilidade e o papel secundário da humanidade em relação aos ecossistemas e também a estratificação e as disparidades socioeconômicas entre os indivíduos, principalmente no que diz respeito ao acesso a um sistema de saúde de qualidade, condições de infraestrutura sanitária e acesso à renda e à educação.

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O paradigma atual de desenvolvimento é uma consciência ecológica com a verdadeira sustentabilidade. Mas as atividades antrópicas têm acarretado profundos desequilíbrios e impactos, como o aquecimento global, as queimadas, os desmatamentos, perda da biodiversidade e a poluição atmosférica, hídrica e dos solos.

Existem inúmeros vírus e bactérias inertes no planeta, e o homem tem cada vez mais explorado os recursos naturais sem nenhuma responsabilidade, consciência ecológica ou sustentabilidade ambiental. Os habitats degradados podem incitar e diversificar enfermidades, já que os patógenos se espalham facilmente para rebanhos e seres humanos.

As doenças infecciosas ou parasitárias são originárias (75%) de agentes microbianos de animais. No último século, emergiram ou reemergiram várias doenças infecciosas ou parasitárias, como ebola, dengue, chikungunya, zika, febre amarela, tuberculose, SARS, sarampo, varíola, HIV/AIDS, gripes e parasitoses. Dessa forma, para impedir o surgimento de zoonoses, é fundamental combater as múltiplas ameaças aos ecossistemas e à vida selvagem, dentre elas, a redução e a fragmentação de habitats, o comércio ilegal, a poluição, a proliferação de espécies invasoras e, cada vez mais, as mudanças climáticas.

As zoonoses ameaçam o desenvolvimento econômico e a integridade do ecossistema, tendo alcançado nas últimas duas décadas custos diretos de mais de US$ 100 bilhões de dólares (ONU, 2019). Podemos afirmar então que o surto da Covid-19 é reflexo da degradação ambiental promovida há séculos no nosso planeta.

Nesse novo contexto mundial, se faz necessária uma readaptação do modelo econômico voltado para uma vertente de sustentabilidade ecológica e social. Assim, para enfrentar os desafios da pandemia, serão necessárias cooperação e responsabilidade global para promover a preservação dos ecossistemas e a equidade e justiça social.

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