O Alemão cascudo vai te pegar
Neste ano, a Deutschesfest (Festa Alemã) do Bairro Borboleta está sendo realizada numa nova área escolhida pelos responsáveis e se inicia na Rua José Lourenço, pertinho da Praça Imigrante Alemão, e vai até a Rua São Damião. Pois bem, a rua citada primeiramente ainda é conhecida pela comunidade local como Caminho Largo, e poucos a conhecem ainda como o Caminho da Mindoca.
Era nos tempos de nossos ancestrais alemães, imigrantes de 1858, uma via de acesso, ligação entre a Colônia de Baixo com a Colônia de Cima – Bairro Fábrica e Mariano Procópio e adjacências e o Bairro São Pedro. Quando os colonos se dirigiam à cidade, partindo da Colônia de São Pedro (Colônia de Cima), em priscas eras, passando por essas bandas, cantavam em alta voz, reverberando, bem longe, as canções de sua terra natal, e o eco de suas vozes se espalhava pelos morros adjacentes.
Também passavam, por ali, as carroças que transportavam as trouxas de roupas das lavadeiras de São Pedro que buscavam e levavam roupas para as famílias da cidade e as carroças de lenha e carvão do Fireque (Adolpho Viereck). Os homens que conduziam as carroças, sempre descalços e com chapéu de palha na cabeça, malvestidos ou sujos de carvão, sofriam “bullying” (se é que tal expressão existia na época), e a molecada gritava quando passavam: “Alemão cascudo, carrapato barrigudo”.
Agora, veio o troco. Nas últimas festas alemãs, foi criada uma banda de música a qual denominaram de Alemão Cascudo. E, nas noites das festas, abrilhantam, animam o ambiente com suas músicas típicas e algumas irreverentes, mas sem excessos. E ecoa por todo o Borboleta o som de suas cantorias, como se respondessem àquelas provocações de então…
Ah, Caminho da Mindoca, dado pelas pessoas que frequentavam um Centro Espírita da Dona Arminda, que era localizado na mesma rua, ou Caminho Largo, mais acima, já no Serro Azul…
Interessante é que ficou famoso o Centro Espírita da Mindoca, mas me lembro mais do Centro do Zezinho (Mendes Coelho), que recebia nas segundas-feiras, se não me engano (eu não frequentava o centro), quase que uma lotação do ônibus. A parada, perto de onde hoje é a Praça Imigrante Alemão, no início da Rua Tenente Paulo Maria Delage, fim da Rua Julio Menini, deixava mais da metade da lotação, que descia ali e, em comboio ou fila indiana, seguia pelo empoeirado Caminho Largo até o Centro Espírita, por volta das 19h.
Zezinho era cordial com todos, de boa convivência e respeitado pela comunidade.