Vamos tirar foto dos funcionários?
“É necessário o ato de conceder oportunidades e abrir mão do preconceito para que as fotos da empresa não sejam apenas compostas pela similaridade da cor da pele (…)”
Recentemente, uma empresa de investimentos foi duramente criticada pela falta de diversidade no seu time de colaboradores, postando uma foto da equipe com mais de cem profissionais, a maioria, homens brancos, não fazendo uso da máscara, mesmo em um momento de vacinação nacional contra a Covid-19. Apenas quatro mulheres eram evidenciadas na imagem, e, por sua vez, nenhum negro. A foto foi postada e excluída das mídias sociais da empresa, mas ganhou destaque em jornais, sites e contas oficiais.
Esse caso é apenas um olhar mais aprofundado, como uma lupa, da situação negativa atual da empregabilidade no Brasil, onde há um celeiro de talentos, com formação e qualidades que preenchem todos os níveis de vagas apresentadas pelo RH, mas que batem sempre na trave, onde não há a atuação de homens e mulheres pretas para jogar a partida.
A atuação de homens e mulheres de cor negra com ocupações trabalhistas de gerência e segmentos de nível superior não apenas mostra o potencial de uma companhia pelo reconhecimento, como é o correto a ser feito, inspirando futuros profissionais a investirem em formação e especialização, pois eles também terão uma chance, assim como os que estão ocupando as cadeiras agora.
Até o ano passado, apenas 5% dos trabalhadores negros exerciam cargos de gestão e, quem sabe, poderiam participar dessa foto e ter o prazer de emoldurar a imagem na sala para os familiares. Em funções de nível técnico, esse número aumenta para 11%, mas ainda é raso, diante dos números que temos por ocupações de homens brancos. É necessário o ato de conceder oportunidades e abrir mão do preconceito para que as fotos da empresa não sejam apenas compostas pela similaridade da cor da pele, majoritariamente branca.