A minha paz

“O ensino lançado por Jesus vai muito além do baixar das espadas, do silenciar dos canhões ou da vida de reclusão”


Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho”

15/07/2022 às 07h00

“Não pense que vim trazer paz sobre a terra. Não vim trazer a paz, mas a espada.”

Essa citação de Jesus, no Evangelho de Mateus, faz com que alguns leitores sintam-se perturbados, porque o conceito de paz circulante nos caminhos da humanidade milenar é resultado de um pensamento de subjugação, o dominado expondo-se às exigências e humilhações do seu dominador, em nome do estabelecimento de uma suposta paz, e outros tantos entendem a paz como o ato de refugiar-se do mundo, vegetando no silêncio dos mosteiros, perdendo importante e expressivo tempo de reencarnação. O ensino lançado por Jesus vai muito além do baixar das espadas, do silenciar dos canhões ou da vida de reclusão. Jesus de Nazaré, o Divino Reformador da humanidade, não poderia compactuar com viciados pensamentos e falsos princípios instaurados no mundo, por isso o simbolismo da espada remete na luta individual e regeneradora de aperfeiçoamento.

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Se, na época em que Jesus esteve encarnado entre nós, a realeza dos governantes e a tirania social escondiam-se entre ouro e opulência, garantindo a força da opressão e do cativeiro, os tempos se passaram, seguiram-se, e a humanidade disfarçou a crueldade da força da brutalidade em uma verdadeira cartilha de ignorâncias, que são expressas em racismo, preconceitos e discriminações de todas as ordens.

Com Jesus, no entanto, a espada é diferente. Se cravada no chão, representa uma cruz, cruz em que o Cristo deixou-se imolar para servir de exemplo e testemunho do sacrifício pela sementeira da grande luta em favor do bem para toda a humanidade.

Aqueles que se põem atentos aos ensinos do Mestre de Nazaré aprendem desde o início que a disciplina e o esforço no combate ao orgulho e ao egoísmo são os alvos da espada redentora para a caminhada no bem.

Quem se habilita a erguer a espada do Evangelho entendeu, mesmo que basicamente, que seu dever é compartilhar fraternalmente os fardos dos companheiros de jornada, de modo a lhes aliviar a carga. É ceifar a violência em todas as suas expressões, contribuindo para a concórdia. O espadachim do bem é todo aquele que continua abraçando de boa vontade os compromissos, mesmos os que já foram vencidos como ideal, para facilitar a jornada daqueles que vêm a seguir.

Para sermos construtores da paz, é necessário saber doar-se em ações vivificantes em favor do próximo, tantas vezes quantas forem necessárias até que se fixem em nossos corações as mais puras emoções da paz, semeada por Jesus de Nazaré.

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