Segundo o proveito
Por viver em uma sociedade movida por frivolidades, o homem dedica-se com afinco às coisas passageiras como se fossem grandiosas e eternas, constantes e fundamentais para a sua evolução. Em cada tempo, há uma verdade principal para a qual uma grande quantidade de energia é despendida, é o que rege a sociedade, dando a entender que se chegará a algum lugar. E, tempos depois, tudo é apagado, nada durou e fim. A verdade absoluta foi substituída por outra tão verdadeira quanto a que se substituiu e que igualmente será suplantada e esquecida. São movimentos regidos por uma forte dose de egoísmo e, nem sempre, claramente percebidos, pois se apresentam travestidos no manto da ideologia, da modernidade, da renovação, demonstrando embasamento cultural, pioneirismo ou uma brilhante capa vanguardista, gerando comportamentos fundamentados em cada ideia com que se simpatize e afine.
Nesses idealismos de rompante, brotam religiões e crenças, prometendo paraísos e sucesso material; os que as abraçam acusam o planeta de ser um local de crimes e pecados, tentações e culpas, e buscam, no deserto e nos claustros, o refúgio, onde se retirando das emoções do convívio correm o grave risco de entregarem-se ao perigoso ócio da alma e da ilusão passageira.
Motivados pela chama ideológica, alguns mergulham no universo político, erguendo bandeiras salvacionistas, reformadoras e dignas da mais pura moral. De mandato em punho, enveredam pelas trilhas dos desvios e descasos, das arbitrariedades terríveis e, se responsabilizados, não se furtam em deformar os fatos, infringir mais leis e denegrir seus opositores. Tudo é feito de modo a se tornar intocável.
Os defensores do ócio, que defendem o nada, justificam sua inatividade por não haver solução para os problemas do mundo. Fogem de trabalhar para não contribuir com as mazelas do capitalismo ou seja lá o que for, mas não se furtam de usufruir das benesses do mundo que contestam.
Por milênios, o ser humano trafega pelo Planeta Terra em sua marcha evolutiva, embalado na proteção divina, ouvindo o doce acalanto das palavras de Cristo, mas tem-se feito oco e surdo, insistindo nas trilhas da maldade, do egoísmo e da ausência da prática do amor ao próximo. Porém, quando o Evangelho nos desperta para as responsabilidades, fazendo-nos ouvir as verdades eternas, aprendemos que muito será pedido a quem muito tiver.
Cuidar para que não seja embalado pelo “canto da sereia”, por intelectualismos furtivos e líderes vazios é o dever que nos cabe como tarefeiros do Cristo.
Todos somos filhos do mesmo Pai e ao Pai devemos respeito e responsabilidades; somos usufrutuários dos bens da vida, os quais de fato pertencem unicamente ao Senhor do universo, que concede o direito de utilização segundo o proveito e rendimento que venhamos a imprimir, aí está a essência da vida; Deus te dá para que dês. “Dai, e dar-se-vos-á”, ensina Jesus.