Ainda sobre a pandemia


Por Hugo Borge, presidente da Unimed Juiz de Fora

13/09/2020 às 06h58

Se os tempos estão difíceis em todo o mundo, pior aqui e agora com o desalento das últimas notícias sobre as vacinas. Nenhum país, independentemente de seu estágio de desenvolvimento, em tempo algum, suportou quatro “pandemias” simultâneas como o Brasil de nossos dias. A pandemia devastadora do coronavírus e a decorrente queda econômico-financeira foram acrescidas de mais duas crises, quase tão graves quanto: uma político-institucional, cujos personagens principais se desentenderam desde o início desse “Tsunami Covid-19”, e outra, a recorrente corrupção, revelada, mais uma vez, nos últimos meses, por episódios de superfaturamento de medicamentos e equipamentos médico-hospitalares e – pasmem – comercialização de kits falsos para teste de Covid-19. Um escárnio. Um crime hediondo impensável.

Desde março até os dias atuais, a já conhecida corrupção na saúde não deu tréguas um só minuto, e, por incidirem simultaneamente, são quatro as agravantes terríveis da infeliz situação brasileira. Nas ruas e nos jornais, vemos todos os dias os desdobramentos da pandemia do coronavírus na saúde, na política, na economia e na sociedade. Essa desordem e suas implicações, sem solução à vista, requerem mudanças conjunturais e um esforço coletivo e urgente: da ciência, em continuar investigando novas medicações e vacinas, e dos profissionais da saúde, verdadeiros heróis que atuam na linha de frente nos cuidados intensivos e na recuperação das vítimas do coronavírus.

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Os números da Covid-19 continuam fatais. Desde o início da pandemia, o Brasil já registra quase 130 mil mortes (no planeta, são quase 890 mil). E os estudos científicos sobre as vacinas ainda são inconclusivos, os resultados, parciais, e teremos ainda muitos meses à espera de soluções.

Se pôr fim a todo este pesadelo beira a utopia, a nossa esperança está, de fato, na vacina. Essa é a única chance de estancar essa cruel pandemia. Pena que não exista imunização contra a corrupção e as crises políticas e institucionais, que, no Brasil, são endêmicas. Se existisse, certamente, a Covid-19 seria menos devastador.

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