Militarismo e democracia


Por Sérgio Lopes, jornalista e professor

13/02/2018 às 07h00

Marechal Deodoro da Fonseca proclamou a República do Brasil, em 1889, e governou até 1891. Marechal Floriano Peixoto comandou a nação de 1891 a 1894. Do presidente civil Prudente de Moraes até 1930, ocorreu a política do café-com-leite, caracterizada pela fraude eleitoral no processo de escolha de representantes políticos. Naquela época, São Paulo e Minas Gerais exerciam hegemonia na política nacional. Os acordos entre paulistas e mineiros fizeram eleitos quase todos os presidentes da chamada República Velha.

O movimento tenentista dos anos 1920, Revolução de 1930, intentona comunista de 1935, o regime militar (de 1964 a 1985) foram acontecimentos que contaram com a participação dos militares. De 1946 a 1964, o país foi marcado pelo populismo. Prática de apelo emocional às massas principalmente urbanas, usando o culto à imagem do governante entre outras práticas – destaque ao governante ser “humano”.

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Já o período de 15/03/1985 até 2018 é conhecido como fase da redemocratização e teve como características: “resgate da democracia”, seu pleno “funcionamento” e “cidadania para os brasileiros”. Todavia qual é a relevância do militarismo e da democracia no Brasil? Os militares controlaram o país durante 21 anos (1964 – 1985). A ponte Rio-Niterói, a Transamazônica, as hidrelétricas de Itaipu e Tucuruí, as usinas nucleares de Angra dentre outras foram realizações dos militares, que possibilitaram o crescimento econômico, o aumento da oferta de emprego e a integração nacional.

Contudo eles foram e ainda são criticados pela limitação de liberdade (opinião e expressão) e censura à imprensa. Bem como por tortura, prisão, morte e desaparecimento dos opositores ao regime. Já a democracia pode ser considerada a expressão da liberdade e o direito de todos. No sistema democrático brasileiro, o homem pode se manifestar livre e publicamente a respeito de qualquer assunto. Há direito a voto livre e secreto, o cidadão pode formar partido político, o governo eleito pode ser fiscalizado pela imprensa, o governante deverá obedecer à Constituição aprovada pelos representantes do Congresso.

Entretanto a democracia apresenta falsas promessas eleitorais, na ausência de controles efetivos da governação, na submissão das assembleias parlamentares aos diretórios partidários. Além disso, políticos perpetuam-se no poder e criam currais eleitorais. Muitos eleitores sem base educacional votam em candidatos corruptos e despreparados. Enfim, é viável para a democracia que os militares se afastem do cenário político? Ou seria bom admitir que as manobras políticas estão envolvidas nos meios militares quanto nos demais setores da sociedade civil?

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