Radicalismo não é bom


Por Paulo César de Oliveira, Jornalista e diretor-geral da revista Viver Brasil

12/07/2022 às 07h00

Eram os anos 1960, logo após o golpe militar que derrubou o Governo Jango, acusado de comunista, que pretendia destruir as famílias e assar crianças, exatamente como querem fazer agora com Lula. Os novos donos do país, à época, trataram de estimular os radicais, estumando contra os que consideravam inimigos.

Agressões, denúncias, muitas falsas, foram surgindo, assanhando a ação dos chamados órgãos de repressão. Os valentes dos Comandos de Caça aos Comunistas foram muitos os PCCs criados Brasil afora, até que chegaram a ocupar um lugar de destaque com os donos do poder. Mas radicalizaram tanto suas ações que acabaram despertando desconfiança nos meios policiais.

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O receio dos repressores profissionais era de que, havendo uma mudança no regime, teriam contra si os que hoje, por oportunismo, se colocavam como aliados radicais. Foram os órgãos de repressão que esvaziaram os PCCs, passando a desconhecer e desestimular as ações dos radicais. A conclusão, simples, foi a de que não se deve dar corda aos radicais, ainda mais os que se radicalizam por oportunismo, como, preciso reconhecer, existiam e ainda existem no PT.

Volto no tempo para chamar a atenção sobre os riscos que estamos correndo hoje com o estímulo aos radicais que ocorre hoje nas campanhas eleitorais, notadamente as presidenciais. Atos de violência, verbais e físicas, mentiras de toda ordem estão levando a disputa eleitoral para o total descontrole.

O problema é a institucionalização da violência, que, podem apostar, não se resumirá ao período eleitoral. Quem vencer as eleições, a continuar este clima da campanha, certamente, terá dificuldades de, no poder, conter os radicais que estimulou. E terá que reagir com violência, criando um clima de confronto, que, não se iludam, levará a um clima de terror, como nos mostra nossa história recente.

O radical, não raramente, é um oportunista. Lembrem-se disso antes de lançar mão deles em suas campanhas.

O pior de tudo é que, também nas campanhas estaduais, o radicalismo tende a crescer pelas mesmas razões que embalam a campanha presidencial: faltam projeto, ideias, vontade aos candidatos. Estamos assistindo a uma pré-campanha sem imaginação. Ninguém apresenta uma proposta, um projeto político para corrigir os rumos do país e colocá-lo numa rota de desenvolvimento.

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