Uma faceta da dependência química

Por Regina Célia Mendes, mestre em psicologia e psicanálise, especialista em pesquisa social e psicóloga do Caps


Por Tribuna

12/07/2017 às 07h00

A dependência química atinge milhares de pessoas. Ignora distinções de classes sociais, nível de escolaridade, etc. Pode levar à alienação, ao rompimento de laços familiares, à criminalidade e, até, à morte. Numa sociedade onde predominam a negação do sofrimento e o dever de ser feliz, a droga é tida como uma das possíveis saídas para o alívio da angústia, que é inerente à existência humana.

Na adolescência, período de incertezas, é que geralmente se conhecem as drogas. Como atravessar esta fase tão delicada sem ser seduzido por elas?
O desenvolvimento da personalidade é contínuo e se dá através das relações familiares e do meio social. Estas relações são processos de vinculação com o outro, e nelas formam-se os valores, as referências.

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Num passado recente, as referências de autoridade como os pais ou o professor, por exemplo, norteavam as escolhas dos jovens. Numa sociedade cada vez mais desligada da tradição, marcada por um enorme individualismo e uma constante busca de satisfação imediata, surgem adolescentes em crise de referências, com os vínculos enfraquecidos e sob o jugo da ditadura da felicidade. Desta forma, tornam-se jovens semelhantes a um barco à deriva, mantendo sentimentos de solidão, frustração e consequente vulnerabilidade. Esta é uma das, entre outras, condições para trilhar o caminho das drogas.

A presença acolhedora de alguém que dê um espaço à fala do adolescente, que o escute, sem pressa e sem exigências excessivas, é muito importante para que ele se organize emocionalmente, descubra seus valores, resgate sua autoestima. Desta forma, possibilita que se torne um cidadão, não alienado, usufruindo da liberdade, conhecedor de seus direitos e deveres.

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