‘O meu reino não é deste mundo’

Ao afirmar que seu reino não é deste mundo, Jesus nos previne a não dar mais atenção aos interesses materiais em prejuízo dos interesses da alma, pois estes, sim, levaremos conosco pela eternidade


Por Denise Pereira Rebello, da Comunidade Espírita "A Casa do Caminho"

12/03/2021 às 07h35

“Tu és o Rei dos Judeus?” Foi a pergunta de Pilatos a Jesus, relata o evangelista João. Jesus respondeu-lhe: “O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, certo que os meus ministros haviam de pelejar para que eu não fosse entregue aos judeus; mas por agora o meu reino não é daqui.” Continuou Pilatos: “Logo, tu és rei?” E Jesus respondeu: “Eu não nasci nem vim a este mundo senão para dar testemunho da verdade; todo aquele que é da verdade ouve a minha voz”.

Importante passagem deve ser interpretada à luz da eternidade da alma. Ao ser questionado por Pilatos, Jesus fala-lhe de um reino que não é deste mundo, sendo a realeza a que se referiu Pilatos bem diversa da de Jesus.

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Considerando o momento e o contexto do diálogo, Jesus nega o título de rei como o entendem na Terra, vinculado ao exercício do poder temporal, perecível e dependente das circunstâncias. O reinado que se associa a Jesus é aquele dado por consenso unânime, aos que por suas realizações e trajetória influenciam o progresso espiritual da humanidade. Essa realeza moral nasce do mérito pessoal, é imperecível e atemporal, sendo os bens preciosos desse reino diferentes do brilho e do ouro que se apresentam na Terra.

Tendo como ponto de vista unicamente a vida terrena, aquele que busca entesourar bens transitórios entrega-se ao sofrimento e à angústia diante de uma ambição insatisfeita, do orgulho ou da vaidade feridas, do mal que o atinge e do bem que toca aos outros.

Emmanuel nos fala das dores e sofrimentos como consequências para os homens que se perderam na vaidade e nos favores da fortuna, para os que se habituaram às enganosas vantagens ou para aqueles que se embriagaram de poder transitório e honras exteriores, esquecendo o dever de servir e adiando o trabalho a fazer na estrada da evolução.

Com a reencarnação, amplia-se a caminhada, assim como as lições e possibilidades de progresso. O planeta escola apresenta-nos aulas práticas dia a dia, testes a serem realizados e testemunhos a serem dados, a fim de alcançarmos promoções. A vida terrena é oportunidade abençoada para a alma em educação e aperfeiçoamento. Ao afirmar que seu reino não é deste mundo, Jesus nos previne a não dar mais atenção aos interesses materiais em prejuízo dos interesses da alma, pois estes, sim, levaremos conosco pela eternidade.

Reflitamos que a lição de Jesus, embora revele para nós que não devemos aguardar o seu reino como realização imediata na Terra, não nos isenta de forjá-lo na oficina diária de nossas realizações e na permanente oportunidade de colaboração no seu Evangelho, a fim de edificar o seu reino e iluminá-lo, desde já, em nosso íntimo, burilando-nos à luz de seus ensinamentos, conscientes de nossa responsabilidade individual nessa construção: “Porque, onde estiver o teu tesouro, aí também estará o teu coração” (Mateus).

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