A educação da alma


Por Luiz Mauricio de R. Mansur, analista de sistemas e membro da Sociedade Teosófica - GET Juiz de Fora

11/11/2020 às 06h58

A educação que aqui nos interessa é a que o “Aurélio” nos traz como “processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando à sua melhor integração individual e social” ou “aperfeiçoamento integral de todas as faculdades humanas”.

Eu, particularmente, fico com este segundo conceito, sem invalidar o primeiro. E o que temos hoje, desde os primeiros anos até o doutorado ou o pós-doutorado, nas escolas tradicionais, não tem nada a ver com o aperfeiçoamento das capacidades que o homem tem ou pode ter. Escolas, colégios e universidades apenas capacitam, tecnicamente, as pessoas para exercerem atividades profissionais ou não, com um excesso de disciplinas e ensinamentos que, na sua maioria, servem apenas para preencher as mentes com informações que não terão utilidade alguma ou aplicação na vida cotidiana.

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E quanto aos aspectos morais e éticos que precisamos para nos situarmos perante a vida e os outros seres? Nós crescemos condicionados pela família, pela religião e pela sociedade e não procuramos “a visão global de uma realidade que teima em não ser captada pelos seres humanos mais preocupados com os problemas de suas vidas pessoais e seus pequenos mundos de “faz-de-conta” (O Alvorecer da Vida Espiritual, Murillo N. de Azevedo, Brasília-DF, Edit. Teosófica, 1996).

Se a educação não nos ajudar a procurarmos em nós mesmos as respostas para as perguntas “De onde viemos?”, “Quem somos?”, “Para onde vamos?”, ela será um arremedo da verdadeira educação de que tanto necessitamos. E estará afastada da realidade essencial de todas as coisas. Vivemos em função da memória, dos condicionamentos, de um passado na verdade inexistente.

Por isso, a grande necessidade que traz o título: a educação da alma. Nada é feito contra as distrações, as ilusões, as drogas, etc., que a vida nos oferece, que nos levam ao sabor dos acontecimentos. É preciso educar contra a nossa ignorância, que nos aliena da verdadeira vida, a vida do espírito. Orientar e ensinar que cada ser humano deve buscar dentro de si o caminho da libertação. Fazer com que tenhamos uma reflexão profunda, que meditemos diariamente, que nos desapeguemos dos bens materiais e que busquemos alcançar os bens espirituais. Valores morais e éticos para praticarmos o amplo princípio humanitário da Fraternidade Universal sem distinção de raça, credo, sexo, casta ou cor.

Precisamos mudar “o modo como nos comportamos, como nos sentimos, como pensamos, nossas atitudes, gostos e aversões, crenças e perspectivas – todas essas coisas que são frutos de nossos condicionamentos” (O Processo de Autotransformação, Vicente Hao Chin, Jr., Brasília-DF, Edit. Teosófica, 2019). O homem precisa compreender que existe algo maior na vida, além e acima desta “vidinha” de consumo e aparência em que está absorvido e se convencer de que é parte da grande vida universal. E essa expansão da consciência é adquirida com a busca em seu interior, abandonando seus condicionamentos, dogmas limitantes e preconceitos ultrapassados, com a educação de sua alma para a verdadeira vida. É a educação da alma, de todas as almas, que o mundo precisa para que possamos alcançar a paz e a alegria de viver.

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