A vitória do Estado Democrático de Direito


Por Rafael Mendonça, Estudante de jornalismo da UFJF

11/04/2018 às 06h30

Deixemos o proselitismo petista de lado e celebremos a prisão de Lula! Triste de verdade não é este fato, mas sim as cifras de 13 milhões de desempregados e das mais de 60 mil mortes violentas anuais, que superam os números da guerra síria. Compreende-se a tristeza de eleitores ingênuos ao ver que a figura que fez muitos sonharem com as reformas necessárias para um Brasil menos desigual tenha se revelado parte do sistema e se transformado no chefe da propinocracia que perpetua todas as nossas mazelas. Porém o bom senso obriga-nos a lembrá-los de que a lamentação deveria ter começado há no mínimo 14 anos, em 2004, quando os primeiros escândalos do Governo Lula nasceram, mostrando a verdadeira face de seu partido.
Agora, o momento é de comemoração por diversas razões. O homem mais poderoso do país, que tanto zombou das instituições e acima delas se imaginou, teve que se submeter às leis e hoje paga pelos muitos crimes cometidos. Além disso, rígido diante de qualquer tentativa de subversão da ordem democrática, como deve ser, o STF – ou sua maioria – mostrou-se maduro e pronto para enfrentar a impunidade. Decisão diferente da denegação do habeas corpus ao ex-presidente criaria uma jurisprudência capaz de transformar o Judiciário brasileiro em uma nefasta máquina de recursos infinitos rumo à prescrição.
A insolência de Lula no período entre a ordem de entregar-se à Polícia Federal e a sua efetiva rendição é uma síntese da pouca afeição do ex-presidente e do Partido dos Trabalhadores ao Estado Democrático de Direito, vista desde 2003, quando subiram ao poder. Houve comício com a típica profusão de mentiras, além de discursos de ódio contra a imprensa – agredida por militantes -, as instituições e “os ricos” – entidade constantemente evocada pela legenda para promover a dicotomia “pobre-bom versus rico-mau” que a manteve no poder às custas da divisão do povo.
Petulantemente, instou-se a militância a formar um escudo humano e ajudar na patética encenação que reforçaria a narrativa da perseguição política contra o líder do povo. Um escárnio com a Justiça – cujos ritos foram todos seguidos no caso do tríplex do Guarujá -, mesmo após as diplomáticas e responsáveis concessões feitas por Sérgio Moro ao ex-presidente.
O lulopetismo há de ficar para a história como mais um produto do tosco socialismo latino-americano que usurpou democracias, arruinou economias e difundiu o ódio em todo o continente para permanecer no poder e obter vantagens financeiras. Ele precisa permanecer no passado, e o Brasil, com uma esquerda idônea, seguir. A ideia de um sebastianismo petista, com o retorno à Presidência de Lula, o salvador da pátria e bastião da justiça social, é uma viagem em direção ao retrocesso sem chance de volta, que deve ser afastada de uma vez por todas do país.
A Lava Jato deu mais uma demonstração de vigor quando, na sexta-feira, enquanto todos esperavam a prisão de Lula, determinou a prisão de Paulo Preto, operador do PSDB. Com uma população devidamente ativa, fazendo o papel que a ela cabe e cobrando o fim do foro privilegiado, aumentam-se as chances de que tenham o mesmo caminho Temer, Aécio, Jucá, Renan e todos da classe política contra os quais recaem acusações de crimes evidentes.
Não há caminho para o desenvolvimento econômico-social senão pelo respeito à democracia e às suas instituições, e isso mostrou-se inatingível seguindo o modus operandi lulopetista. Hoje, o Brasil permite-se sonhar.

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