Me engana que eu gosto


Por Azelino Cesar de Lima, professor

11/03/2021 às 07h00

Segundo reportagens publicadas na mídia nacional, não é a primeira vez em que as autoridades dos mais altos escalões governamentais sugerem cortar despesas para ampliar o gasto com programas sociais. Nada contra qualquer redirecionamento das reservas dos cofres públicos para atender àqueles que estão balançando nos limites da pobreza por falta de oportunidades de uma vida melhor. E que não se confunda aplicar no social com bizarras transferências onde retira-se de quem quase já não tem para entregar a outros que nada têm.

Em todas essas questões, o que causa espécie é a falta de sensibilidade de quem vem a público com dizeres de meias verdades, usando termos absolutamente inapropriados para o que está sendo dito. A não ser que exista uma intencionalidade nessa ação, tal comportamento é incompatível quando tem origem em pessoas que possuem formação superior e que, por consequência, teoricamente, deveriam ser também portadoras do mais alto grau de erudição e conhecimento dos significados das palavras que usam em seus discursos públicos, via de regra, repletos de analogias baratas e vazias.

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Por exemplo: não é correto afirmar que um possível estado de guerra ocasionado pela pandemia que assola a humanidade no mundo todo significaria não ter aumento de salário durante dois anos do funcionalismo brasileiro. Se assim fosse, então, por aqui, nas terras brasilis, já estaríamos em verdadeiro estado de beligerância há muitos anos, porque os servidores públicos, em sua grande maioria, há décadas não possuem qualquer aumento de salário. O máximo que tem acontecido, vez por outra nos anos de eleições, é um falso reajuste salarial que não consegue sequer repor as perdas impostas pela inflação. E convenhamos: confundir aumento com reajuste é uma baboseira que nos tempos atuais não engana mais ninguém.

E, por falar em servidores públicos, vai aqui a pergunta que não quer se calar: quem são as pessoas que estão na linha de frente, se expondo heroicamente para atender a todos neste grande momento de aflição? Do humilde coveiro dos cemitérios municipais, passando pelos socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), motoristas, auxiliares de enfermagem, enfermeiros e médicos do SUS, à beira da exaustão nos hospitais, não seriam todos eles servidores públicos?

Os tempos são outros. Como já dizia o grande filósofo popular Antônio Franco de Oliveira, o saudoso Neném Prancha: tô indo, mas tô sabendo. Toma tenência, rapaz

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