Em comunhão com o Papa Francisco no Iraque

“Esse foi um gesto de grande importância para o mundo, pois foi como peregrino da paz e da penitência, para tentar vencer as guerras, os conflitos entre raças e etnias e as violências, inclusive por fanatismos religiosos”


Por Dom Gil Antônio Moreira, Arcebispo metropolitano de Juiz de Fora

09/03/2021 às 07h00

Terminou a histórica visita do Sucessor de Pedro ao Iraque. Foi a primeira vez em que um Papa visitou aquela terra tão querida e importante para as três religiões monoteístas: o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo. É a terra de Abraão, nosso pai na fé. É a antiga Mesopotâmia onde se passaram os fatos mais antigos narrados pela Bíblia. São João Paulo II, em 1999, desejou ir, tudo estava preparado, porém teve que renunciar à viagem, por causa de situações políticas da época.

Papa Francisco, superando vários desafios e perigos, lá ficou por quatro dias. Esse foi um gesto de grande importância para o mundo, pois foi como peregrino da paz e da penitência, como ele mesmo afirmou, para tentar vencer as guerras, os conflitos entre raças e etnias, as violências, inclusive por fanatismos religiosos. Seus encontros com a pequena comunidade de cristãos, entre os quais estão os católicos, com certeza, deram força para nossos irmãos que ali vivem em situação tão difícil.

PUBLICIDADE

O Papa, contudo, não foi ao Iraque apenas para encontrar os cristãos, mas a todos de outros credos, pronto ao diálogo inter-religioso, em busca da paz mundial e do respeito pela dignidade da pessoa humana, pronto a unir-se com aqueles que, mesmo professando religiões diferentes, têm muito em comum a respeito dos valores básicos da convivência humana. Sem dúvidas, ele foi bem acolhido, e a Igreja, respeitada. No itinerário quaresmal, rumo à Pascoa, essa viagem apostólica foi, para nós forte, experiência de amor ao próximo, de real fraternidade e de aprimoramento da nossa fé e de nosso amor a Deus. A viagem do Papa à terra de Abraão, de Isaac e Jacó foi revestida de oração, penitência e caridade fraterna.

Por isso convidei o Exmo. Sheik Hosni Youssef, residente em Juiz de Fora, líder da pequena comunidade mulçumana que aqui vive, para rezar conosco nesse terceiro domingo da Quaresma, em união com o Papa Francisco e os líderes religiosos do Islã, presentes na terra de Abraão, o Iraque. Na Catedral Metropolitana, rezamos nas mesmas intenções que o Papa Francisco tem no coração, que é justamente a paz mundial, o diálogo fraterno entre todos aqueles que amam a Deus.

Logo que aqui chegou, em fevereiro de 2019, Sheik Hosni me fez uma visita, com o mesmo espírito do Papa Francisco, de diálogo e de busca da fraternidade. Cremos no mesmo Deus, único e verdadeiro; as diferenças que há no comportamento litúrgico ou doutrinal são menores do que aquelas coisas que nos unem, que é o amor a Deus, o amor ao próximo, a busca da fraternidade, da paz, da justiça, do amor.

O conteúdo continua após o anúncio

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.