O que faz uma nação?


Por Mario Eugenio Saturno, tecnologista sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano

08/11/2022 às 07h00

Vamos refletir um pouco sem rancores ou “pré-conceitos”? Existem países que são uma nação e outros que são uma federação de nações. Mas há federações, como os Estados Unidos da América, que são uma nação. Ou seja, são mais unidos que separados, tem mais coisas em comum. E veja que lá tem um racismo brutal.

A unidade de uma nação é extremamente importante, uma nação dividida não tem protagonismo mundial, mas acaba dominada política e economicamente por outras. Então analisemos os fatores de unidade (ou divisão): renda e bens, ideologia política, gênero, etnia (raça), religião, educação formal e descendência.

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O Brasil tem 156,5 milhões de cidadãos (com direito a voto). Não há como ter unidade se 10% dos cidadãos vivem nababescamente enquanto 20% passam fome e outros 30% passam restrições de alimentos. Parece algo tão simples de entender que não entendo como estrategistas militares não considerem isso.

O Poder Político deveria ser representativo, mas os 70% mais pobres tem poucos deputados eleitos. Ou seja, os mais necessitados elegem deputados nada parecidos com eles, são de uma classe social bem mais elevada, conforme podemos constatar em levantamentos sobre os deputados federais que foram eleitos.

Metade dos deputados (258) tem patrimônio superior a R$ 1 milhão. Entre as profissões, 104 são advogados, 84 empresários, 21 policiais militares, 13 são delegados e 17 são pastores evangélicos. Uma curiosidade, 252 eleitos declaram como profissão ser deputado, só que isso não é profissão.

A participação feminina continua pequena, 91 eleitas ou 18% do total. Os homens são 422, 82%. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as mulheres são 53%, a maioria dos eleitores. Quanto a etnia, são 135 negros (pretos e pardos), 5 indígenas, 3 amarelos (asiáticos) e 369 brancos ou 72%. O TSE mostra que pretos e pardos representam 56% da população, 43% são de brancos e os asiáticos e indígenas somam apenas 1% da população. Para piorar, alguns desses negros eram brancos até 2020.

Nestas eleições, 426 dos eleitos (83%) informaram ao TSE ter concluído o ensino superior. Quanto ao estado civil, são 98 solteiros, 360 casados, 51 divorciados, 3 viúvos e um que se declara separado judicialmente.

É claro que um representante não precisa ter a mesma identidade que o cidadão eleitor, mas observam-se muitos votos antagônicos, poucos negros e mulheres eleitos, poucos médicos, professores e cientistas, profissões que realmente impulsionam uma nação, não menosprezando as demais de forma alguma.

Quando eu me converti do ateísmo ao catolicismo aos 22 anos, encarar Atos 2 e 4 é sofrer um choque de convicções. Na Pastoral da Juventude aprendíamos o método do Padre Boran, que empresto para fazer uma reflexão.

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Nestas eleições para deputado federal, a maioria dos “israelitas” escolheram os senhores egípcios. Conforme vemos no Êxodo, Moisés libertou o provo de Israel do jugo egípcio, mas diante da incerteza do futuro, muitos israelitas sentiam saudades dos opressores egípcios. Agora, candidato e eleitor, quem é egípcio e quem é israelita?

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