Desarmamento: condição para a Paz


Por Equipe Igreja em Marcha, Grupo de leigos católicos

08/07/2022 às 07h00- Atualizada 08/07/2022 às 18h30

A guerra na Ucrânia colocou em pauta o problema da violência no mundo contemporâneo. Não porque o mundo estivesse em paz, mas porque o ataque desferido pela Rússia tem por alvo um país protegido pelos EUA e da Otan, cuja força militar inclui um arsenal nuclear ainda maior do que o do agressor. O risco evidente de catástrofe nuclear deveria despertar um movimento mundial pela Paz, mas o que hoje predomina é a proposta de intensificar a corrida armamentista. Num mundo que não superou a pandemia de Covid, que tem quase 200 milhões de pessoas com fome, que sofre com catástrofes climáticas e que está mergulhado na crise financeira, é incompreensível que alguém defenda o aumento das despesas militares. Mas esta é a triste realidade: a corrida armamentista acelerou-se! Contra ela levanta-se a voz do Papa Francisco, que não se cansa de dizer que o caminho da Paz mundial passa pelo desarmamento.

Os bispos católicos do Brasil também levantaram sua voz para marcar a posição da Igreja contra a espiral de violência em nosso País. A CNBB denuncia “os estrondos da guerra, os gemidos da fome, o ensurdecedor barulho dos tiros que ceifam vidas e ecoam no choro das vítimas e de seus familiares.” Depois de lembrar que os conflitos atuais – em Moçambique, Iêmen, Etiópia, Haiti, Mianmar e tantos outros – são uma “terceira guerra mundial por pedaços”, como diz o Papa, ela qualifica como “loucura” o aumento de armamentos em mãos de civis. São “caçadores, atiradores e colecionadores de armas de fogo cujo número aumentou 325% de 2018 a 2021”.

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Esse gasto com armas de fogo “é um escândalo, suja o coração, suja a humanidade”. Quando acompanhado por “discursos fundamentalistas, inclusive religiosos, que transformam adversários em inimigos e comprometem a fraternidade”, o risco de tragédias é enorme. E sabemos que isso não é só uma possibilidade, mas uma triste realidade. Basta lembrar quantas pessoas foram mortas em defesa dos Direitos Humanos e de Povos originários nos últimos anos…

Diante disso, conclui a CNBB: “faz-se urgente escutar as vozes de tantos que, vitimados por variadas formas de violência, clamam por justiça e paz. Esta realidade não pode ser naturalizada. É impossível aceitar o extermínio de irmãos e irmãs. Seus corpos sem vida clamam por justiça e responsabilização. Suas memórias e seus sonhos de paz devem permanecer vivos entre nós”.

“Diante de tantas situações que nos envergonham, voltamos a erguer nossa voz para denunciar a violência e solidariamente clamar por paz”. “A vida é o maior dom! Cuidar responsavelmente da vida implica trabalhar artesanalmente pela paz, a justiça social e o bem comum”.

E terminam com uma palavra de esperança: “aos sofredores, que não desistam, aos que têm poder de cuidar, defender e promover o bem comum, que não se omitam e aos que diretamente ferem e destroem a paz, que se convertam!”

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