Olhai as aves do céu


Por Denise Pereira Rebello, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho”

08/05/2020 às 06h16

“Portanto vos digo: não andeis cuidadosos da vossa vida, com o que comereis, nem para o vosso corpo, com que vos vestireis. Não é a alma mais do que a comida, e o corpo mais do que o vestido? Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem fazem provimentos nos celeiros; e, contudo, vosso Pai celestial as sustenta. Porventura não sois muito mais do que elas? (…) Buscai primeiramente o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas se vos acrescentarão. E assim não andeis inquietos pelo dia de amanhã. Porque o dia de amanhã a si mesmo trará seu cuidado; ao dia basta a sua própria aflição” (Mateus, 19: 25-34).

As comparações usadas por Jesus falam ao homem do cuidado generoso do Pai com seus filhos. Não negam a previdência e o trabalho do homem, o que seria, por conseguinte, a negação do progresso. Ao contrário, inspiram-nos a confiança na Providência Divina, que jamais abandona os que nela confiam, compreendendo também que cabe a cada um o esforço. Deus deu ao homem a inteligência para buscar os meios de sair de suas dificuldades; é da lei do progresso do trabalho, colocando em ação as forças da inteligência.

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Diante das inquietações, Jesus orienta que não andemos inquietos, porque o dia de amanhã trará seu cuidado. Cada novo dia revelará seus próprios problemas e dificuldades que iremos enfrentar. As lições se repetem até que as tenhamos aprendido. Problema vencido cede espaço a outro, pedindo a cada um de nós renovação e crescimento espiritual.

Confiança não é imprevidência, mas é mudança de perspectiva. O homem pode aumentar suas aflições ou atenuá-las pela forma como encara a vida terrena, ensina a Doutrina Espírita. Ampliando o olhar do ponto de vista espiritual, as coisas mundanas perdem sua importância, resultando na moderação dos desejos humanos, fazendo com que o homem sinta menos os revezes e as decepções terrenas, entendendo as dificuldades como lições necessárias ao seu adiantamento e a reencarnação como bênção de Deus no recomeço de experiências.

Tempos de aflições e de crises são convites à reflexão do que é essencial à vida e à edificação de valores eternos: “Onde estiver seu tesouro, aí também estará seu coração”. Os tesouros eternos são aqueles sobre os quais já alertava Jesus, a ferrugem e a traça não consomem, e os ladrões não roubam, porque são conquistas da alma.

Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier, sugere-nos que, diante das aflições e dos problemas de difícil solução, busquemos a sabedoria, o gesto e o exemplo do Mestre Jesus, através da oração, do equilíbrio e da quietude, e a resposta não se fará esperar como luz divina no grande silêncio.

Não passaremos pelo mundo sem tempestades, sem provas e sem tentações, mas guardemos o coração confiante no bem e a consciência reta. Iluminemos nossos dias ao clarão das orientações de Jesus: “Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim” (João, 14:1).

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