Os escravos do século XXI


Por Netinho Rocha, Estudante de Jornalismo na Estácio JF

08/05/2018 às 07h00

Na fila, no parque, no museu, na escola, no trabalho, no ônibus e, arriscadamente, no carro, nunca se olhou tanto para baixo, e para um único interesse: a tela do celular. Os pais, na maioria das vezes inocentes, julgam esta alegria da criança como um momento aprazível. De certo modo é, mas o que eles não entendem é que, ao dar em mãos este aparelho, estão estimulando seu filho a usar um eletrônico de verdade.

Ouvimos de pessoas com uma idade mais avançada que as crianças de hoje nascem mais inteligentes. Mas, pense bem, no passado não existiam essas modernidades, porém o termo já diz tudo, é moderno, atual. É comum que as crianças nasçam com certa desenvoltura, pois os pais também estão aos poucos se habituando com a modernização devido à influência do meio social. Já se tornou uma “necessidade” as pessoas terem um aparelho celular com acesso à internet. Se você não tem, com certeza já ouviu: “Como assim você não tem WhatsApp?”

PUBLICIDADE

Pense em quantos desastres poderiam ter sido evitados se as pessoas ao redor não estivessem com o celular na mão filmando e fotografando algo grave que está acontecendo. Mas não, estão ali fazendo isso porque têm a necessidade de compartilhar nas redes sociais para mostrar que não estão “desatualizados” com relação ao que acontece ao seu redor. Imaginem quantas imagens de acidentes, brigas e outros acontecimentos sórdidos são compartilhados a cada minuto. Na hora, só pensamos em estar atualizados, mas nos esquecemos de como ficam as famílias das vítimas ao verem a repercussão de tal conteúdo.

O uso excessivo do smartphone leva os jovens a se tornarem ansiosos, a perderem o contato com pessoas próximas, a serem mais felizes na vida virtual, ficando preocupados com as curtidas e os compartilhamentos de uma foto e deixando de aproveitar os momentos da vida para postar uma selfie. Esse abuso passa a ser um conjunto de prejuízos, uma vez que a pessoa não dorme o suficiente, acaba rendendo menos, seja na escola, seja no trabalho.
Portanto precisamos estabelecer um tempo para usar o aparelho, e aos poucos aumentar o intervalo entre os usos. Numa reunião de família e amigos, devemos procurar nos divertir e interagir com os outros durante o momento.

Lembre-se: família e amigos em primeiro lugar. Trabalho é trabalho, procure não ficar conectado. Isso é importante tanto para a sua desintoxicação de estar conectado quanto para melhorar a imagem com os chefes no trabalho, já que a prática de passar muito tempo no celular durante o serviço nunca é bem vista. Desativar as notificações é maravilhoso. Confesso que quando fiz isso fiquei entediado, mas hoje eu detesto receber notificações. Por isso, estabeleça uma meta para não se tornar escravo do século XXI.

Este espaço é livre para a circulação de ideias e a Tribuna respeita a pluralidade de opiniões. Os artigos para essa seção serão recebidos por e-mail (leitores@tribunademinas.com.br) e devem ter, no máximo, 35 linhas (de 70 caracteres) com identificação do autor e telefone de contato. O envio da foto é facultativo e pode ser feito pelo mesmo endereço de e-mail.

O conteúdo continua após o anúncio

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.