A insubmissão das mulheres


Por Luiz Carlos Torres Martins, cirurgião-dentista, professor e membro do Movimento Familiar Cristão de Juiz de Fora

08/03/2022 às 07h00

Num passado não tão distante, a submissão das mulheres era de “joelhos diante de seus maridos”, pedindo perdão pelos erros cometidos durante o ano. Esse descalabro acontecia até o início do século XX. Hoje, a maioria já não se ajoelha mais, porém ajoelha-se perante a sociedade machista, que insiste em tornar as mulheres submissas, excluídas de direitos e invisíveis.

As relações entre homens e mulheres, dia após dia, vêm se tornando mais amistosas, respeitosas, fraternas e solidárias.

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Porém a prevalência do “machismo” ainda está presente em muitas relações, tais como marido e mulher, pais e filhas, funcionárias e chefes e em outros tipos de relacionamentos.

O “grito de independência” das mulheres ainda está longe de ser ouvido por aqueles que, para se autoafirmarem como “machos”, “mandantes”, “dominadores” e “ donos do pedaço”, se fingem de “surdos” para continuarem oprimindo um ser, por eles julgados como “inferior” e, portanto, não merecedor de respeito, de atenção, carinho e amor.

Mas eis que surgiu uma “luz” promotora de alerta e esperança: o movimento feminista, que, a partir de 1970, passou a denunciar as violências cometidas contra as mulheres.

Entre muitas outras mulheres, Maria da Penha Maia Fernandes, farmacêutica brasileira, sofria violentas agressões praticadas pelo seu marido. Vítima de um tiro desferido pelo marido, ficou paraplégica. Passou a integrar o movimento feminista, contribuindo de maneira efetiva para motivar e sensibilizar o Congresso Nacional para a criação e aprovação da Lei nº 113440/2006, denominada Lei Maria da Penha, o que veio a ser uma das mais importantes conquistas para assegurar os direitos das mulheres, acabando, em parte, com a ideia de que só ao homem cabia o direito de aspirar e usufruir os direitos civis e espirituais.

Como a razão vinha sendo considerada atributo especial do homem, o seu domínio sobre a mulher era visto como imperativo da própria natureza.

A ideia de que homem é “cérebro” e a mulher é “coração”, por mais que a metáfora possa agradar a certos ouvidos, é absurda. O suposto predomínio da racionalidade no homem e da afetividade na mulher é produto cultivado pelo androcentrismo e ficou completamente desprestigiado a partir das diversas e legítimas insubmissões das mulheres.

C.G. Jung revelou em sua obra que o homem possui componentes femininos, por ele denominados “anima”. E a mulher possui componentes masculinos, que ele chamou de “animus”. Assim sendo, a bissexualidade não é estranha nem mesmo aos machistas mais deslumbrados com sua pretensão hegemônica de dominação sobre as mulheres.

As faculdades intelectuais e laborais das mulheres nada perdem contra as dos homens, já que estes são tão propensos à afetividades e capazes de ternuras e empatias quanto as mulheres.

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Neste dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, as que têm voz e vez, dediquem as suas insubmissões àquelas que continuam oprimidas, discriminadas e agredidas psicológica e fisicamente.

Opressão sobre a mulher é imoral!

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