Pandemia e empatia
Se tem algo que ouvimos muito durante toda a pandemia é que esta surgiu para nos ensinar algo e nos fazer evoluir como seres humanos. Na internet e na televisão, vimos notícias de pessoas e organizações que reagiram a ela e decidiram ajudar o próximo. Produziram máscaras em massa e doaram cestas básicas para aqueles mais pobres, que dependiam do “bico” diário para conseguir o seu ganha-pão e, de repente, viram o mundo desabar sob suas cabeças, com as contas chegando e sem chance de conseguir um dinheiro extra.
Mas a pandemia ainda não passou, e, depois desses primeiros meses, podemos ver alguma evolução no ser humano? Porque, enquanto existem pessoas realizando boas ações, também vemos aquelas que parecem não ter respeito nem mesmo com a sua própria vida e com as de seus familiares e descumprem várias recomendações de órgãos especializados como a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Essas também são as mesmas que acreditam ser superiores por terem uma graduação e “conhecimento” e acham bonito menosprezar o trabalho de profissionais da saúde e fiscais, que estão colocando a sua vida em risco para tentar conscientizar uma população que acredita que o coronavírus é apenas uma gripe, mesmo com o país ultrapassando as cem mil mortes.
Todos sabemos que brasileiro nunca foi de seguir leis, mas esperava que com uma pandemia a situação fosse diferente. Infelizmente, não vimos a mesma preocupação do país que foi à loucura e começou a se fechar quando a Itália atingia as primeiras mil mortes. Quando foi que nos acostumamos tanto com ela?
Vemos pessoas menosprezando até mesmo isso, sem nem pensar na dor dos familiares, que não podem fazer um velório para se despedir de seu ente querido. Enquanto isso, na Cisjordânia, um homem escalava a parede do hospital todos os dias para ver a sua mãe internada, que logo depois veio a falecer.
Agora, com a abertura gradual do comércio, parece que as pessoas têm a falsa ilusão de que tudo está voltando ao normal, mas não é exatamente assim. Acredito que, se a pandemia veio para nos mostrar alguma coisa, é que estamos no mesmo barco, e, infelizmente, existem pessoas que não irão mudar, não têm empatia pelo próximo e são egoístas o suficiente para pensarem apenas em si mesmas. Mas me pergunto: o que ainda precisa acontecer para os seres humanos reverem os seus atos?
Este espaço é livre para a circulação de ideias e a Tribuna respeita a pluralidade de opiniões. Os artigos para essa seção serão recebidos por e-mail (leitores@tribunademinas.com.br) e devem ter, no máximo, 30 linhas (de 70 caracteres) com identificação do autor e telefone de contato. O envio da foto é facultativo e pode ser feito pelo mesmo endereço de e-mail.