Igreja e homossexualidade


Por Luís Eugênio Sanábio e Souza, escritor

04/11/2020 às 06h58

Diante das diversas interpretações e especulações, por vezes descontextualizadas, irresponsáveis e infundadas, que muitos estão lançando sobre certas palavras do Papa Francisco sobre a homossexualidade, apresento aqui a posição exata da Igreja Católica sobre este assunto a partir de seus documentos oficiais que estão em vigor. Afinal, qual é a posição exata da Igreja diante da homossexualidade?

A Igreja distingue entre a pessoa homossexual, que, enquanto pessoa, sempre merece estima e respeito, e os atos de homossexualidade, que, por serem contrários à lei natural, são reprovados em diversas passagens da Bíblia e, por isso, não são aprovados pela Igreja. Vejamos agora o que ensina o Catecismo da Igreja Católica que resume a doutrina oficial da Igreja sobre esta matéria nos seguintes termos: “A homossexualidade designa as relações entre homens e mulheres que sentem atração sexual, exclusiva ou predominante, por pessoas do mesmo sexo. A homossexualidade se reveste de formas muito variáveis ao longo dos séculos e das culturas. Sua gênese psíquica continua amplamente inexplicada. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves (Gênesis 19,1-29; Romanos 1, 26-27; 1 Coríntios 6,9-10; 1 Timóteo 1,10), a tradição sempre declarou que os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados. São contrários à lei natural. Fecham o ato sexual ao dom da vida. Não procedem de uma complementaridade afetiva e sexual verdadeira. Em caso algum podem ser aprovados. Um número não negligenciável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente enraizadas. Esta inclinação objetivamente desordenada constitui, para a maioria, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar a vontade de Deus em sua vida e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar por causa de sua condição. As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes de autodomínio, educadoras da liberdade interior, às vezes pelo apoio de uma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem se aproximar, gradual e resolutamente, da perfeição cristã” (Catecismo da Igreja Católica nº 2357, 2358 e 2359).

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O Papa Francisco assim se expressou em documento magisterial: “A Igreja conforma o seu comportamento ao do Senhor Jesus, que, num amor sem fronteiras, se ofereceu por todas as pessoas sem exceção. Com os padres sinodais, examinei a situação das famílias que vivem a experiência de ter no seu seio pessoas com tendência homossexual, experiência não fácil nem para os pais nem para os filhos. Por isso desejo, antes de mais nada, reafirmar que cada pessoa, independentemente da própria orientação sexual, deve ser respeitada na sua dignidade e acolhida com respeito, procurando evitar qualquer sinal de discriminação injusta e particularmente toda a forma de agressão e violência. Às famílias, por sua vez, deve-se assegurar um respeitoso acompanhamento, para que quantos manifestam a tendência homossexual possam dispor dos auxílios necessários para compreender e realizar plenamente a vontade de Deus na sua vida. No decurso dos debates sobre a dignidade e a missão da família, os padres sinodais anotaram, quanto aos projetos de equiparação ao matrimônio das uniões entre pessoas homossexuais, que não existe fundamento algum para assimilar ou estabelecer analogias, nem sequer remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus sobre o matrimônio e a família. É inaceitável que as igrejas locais sofram pressões nesta matéria e que os organismos internacionais condicionem a ajuda financeira aos países pobres à introdução de leis que instituam o ‘matrimônio’ entre pessoas do mesmo sexo” (Papa Francisco: Exortação Apostólica Pós-Sinodal “Amoris laetitia” nº 250 e 251).

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