Por uma Juiz de Fora sustentável já!
Em 2016, o professor e ambientalista Wilson Acácio publicou aqui na Tribuna de Minas um artigo, afirmando que é inadmissível não se adotar um modelo de desenvolvimento sustentável nas cidades brasileiras, conciliando crescimento econômico com preocupações sociais e ambientais. Quatro anos se passaram, e pensadores atuais, como o historiador Yuvak N. Harari, o fotógrafo Sebastião Salgado e o banqueiro Muhammad Yunus apontam que estamos em uma corrida contra o tempo para mudar nossa relação como o meio ambiente.
A conta não fecha. Criamos um modelo econômico extremamente dependente dos recursos naturais, pois, por exemplo, para a produção de um quilo de carne bovina, é preciso de mais de 400 litros de água. Também insistimos em fontes tradicionais de energia, como os combustíveis fósseis, que prejudicam muito os nossos ecossistemas.
Em Juiz de Fora, basta passearmos às margens do Paraibuna para sentirmos o mau cheiro. O esgoto da cidade tem um índice de tratamento de apenas 8%. Se nos afastarmos das margens do rio, vemos um modelo de transporte ainda quase exclusivamente baseado em gasolina e óleo diesel, deixando cinza pelas principais ruas e avenidas da cidade.
Minas Gerais também tem sua parcela de culpa. Se a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) é o segundo órgão arrecadador do Estado, isso, por si só, não tem garantido os recursos ao meio ambiente. Como Minas Gerais pode desvincular até 30% dos recursos de seus fundos e está em grave crise fiscal, deixa de aplicar a totalidade dos valores disponíveis como no Fhidro.
Não nos cabe mexer em uma “Baú de Ossos”, para usar a poderosa metáfora de Pedro Nava, e só culpar e lamentar, numa eterna ladainha. Devemos apostar em modelos de tributação, que valorizem a proteção ao meio ambiente, como o IPVA e IPTU verdes, e fiscalizar onde se deve.
Além de programas de financiamentos nacionais, como a possibilidade de 20% do Fundo da Amazônia serem utilizados para proteger outros biomas, como o da Mata Atlântica; a ONU e OCDE têm estimulado programas internacionais de apoio a reformas estruturantes que façam das cidades green cities, espaços realmente verdes.Juiz de Fora, que está no bioma da Mata Atlântica e que tem uma área de 1.437 km², das quais menos de um terço é considerado área urbana, precisa ter uma opção de desenvolvimento sustentável, protegendo este bioma em seu espaço geográfico.
No Dia Mundial do Meio Ambiente, lembremos a necessidade de uma política de desenvolvimento econômico com justiça social e preservação do meio ambiente. Uma agenda que, desde o Fórum Econômico Mundial deste ano, passou a ser planetária.
Trata-se de buscar uma reforma nas consciências e de um rearranjo institucional no município. Não temos tempo a perder. Por uma Juiz de Fora sustentável já!
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