Os juros e a falta de investimentos na produção

Por Wilson Rezato, empresário


Por Tribuna

02/08/2017 às 06h00

Temos no Brasil uma das maiores distorções do mundo no custo do dinheiro para investimentos produtivos. O Governo gasta bilhões dos impostos que recolhe de nós, contribuintes, no pagamento de juro altíssimo (considerando os padrões internacionais) às instituições financeiras, e estas repassam parte desses ganhos à parcela da sociedade que já detém grande porção da riqueza acumulada, resultando em ganhos significativos com risco mínimo. Com isso, acumulamos dívidas públicas enormes e crescentes.

As quedas da taxa básica de juros (a Selic está atualmente em 9,25% ao ano) são bem-vindas, mas estão longe de impulsionar significativamente a produtividade e a produção das empresas. Estamos com a inflação controlada (IPC=3%, no acumulado dos últimos 12 meses), logo, pagamos juro real de mais de 6% ao ano, isso na taxa básica, enquanto nos Estados Unidos os juros reais são negativos (taxa básica entre 1% e 1,25% ao ano e inflação em torno de 2%).

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Diante de situações tão distintas, a concorrência de produtos industriais brasileiros com os de outros países torna-se desleal. As empresas brasileiras que pensarem em crédito para investimentos vão encarar juros de mercado na casa de 26% ao ano, tornando-se impossível revender este custo financeiro para o consumidor final.

Observem que os americanos, por exemplo, terão que correr riscos e investir na produção se quiserem ter ganho real na aplicação de seu dinheiro, pois lá os juros reais são negativos, enquanto no Brasil estes estão acima de 6%, proporcionando grandes ganhos sem esforço e sem riscos.

Diante desta realidade tão negativa, nós, brasileiros, precisamos primeiramente entendê-la e, em seguida, procurar trilhar caminhos que, ao longo dos anos, nos levem a situações mais confortáveis. Exigir transparência nas atitudes e ações dos governantes e nos contratos de transações financeiras já é um bom começo. Trabalhar insistentemente na melhoria da eficiência na economia e valorizar o consumidor como parte imprescindível no processo econômico são passos decisivos na direção do melhor caminho a seguir.

A conscientização da sociedade de que é preciso consertar, o mais rapidamente possível, os descaminhos a que nosso país chegou é fator primordial no processo de reestruturação e organização que precisamos fazer, para encontrar um círculo virtuoso de crescimento econômico, com melhoria continuada na renda dos trabalhadores.

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