Incompetência no esporte de JF

“Aí pergunto a você, caro leitor e leitora, se você tivesse uma empresa, investiria no esporte juiz-forano?”


Por Matheus Brum, Jornalista e pesquisador da história do futebol de Juiz de Fora

02/06/2022 às 07h00

Na última semana, li uma entrevista estarrecedora, para este mesmo veículo, em que Nando Osório, presidente do Manchester, culpou uma falta de “comprometimento de pessoas [do setor privado] e de órgãos públicos” em torno do futebol de Juiz de Fora. A pior parte, sem dúvidas, foi quando indicou que a população e as autoridades municipais deveriam praticar irregularidades em prol dos times de Juiz de Fora. Essa fala foi dita quando Nando citou o lamentável episódio em o estádio do América de Teófilo Otoni foi invadido após uma marcação de pênalti a favor do Manchester na Segundona Mineira de 2021.

Esse é o nível dos nossos dirigentes. Aí pergunto a você, caro leitor e leitora, se você tivesse uma empresa, investiria no esporte juiz-forano? A não ser que tenha paixão por algum clube, a resposta provavelmente será “não”. A fala de Nando, repetida por dirigentes de Tupi e Tupynambás, é facilmente desmontada.

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A Prefeitura de Juiz de Fora dá patrocínios mensais para os clubes da cidade sem nenhuma contrapartida. É uma lei (absurda no meu ponto de vista) que é cumprida. Esse dinheiro entra na conta do clube, e Deus sabe-se lá como é usado. A PJF também mantém um Estádio Municipal, que, mesmo com problemas, não gera custos para os clubes.

Todas, repito, todas as grandes empresas da cidade já investiram nos clubes locais. Por que eles deixaram de apoiar? Porque não há incentivo algum para patrocinar, ou apoiar, os clubes de Juiz de Fora. Não há marketing, não há rede social, não há mídia espontânea, não há venda de produtos, não há associados, e, vira e mexe, os clubes estão nas páginas policiais dos jornais da cidade.

Ou seja, fica muito claro que o problema de Juiz de Fora é a incompetência de quem está à frente dos clubes. Em um deles temos um policial militar reformado que entende bulhufas de futebol; o outro é presidido por alguém que entende de handebol, não de futebol, e o terceiro tem um cidadão que prega pela irregularidade como forma de “união” em prol do esporte juiz-forano. Ou seja, amigos e amigas, não tem como ter um esporte minimamente profissional com essa estrutura. O resultado do amadorismo todos nós estamos vendo, lamentavelmente.

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